Uma narrativa épica e irônica da esquerda brasileira
Os leitores vão devorar de um só trago esta narrativa ao mesmo tempo épica e irônica – bela combinação – não só da vida do protagonista, mas da história da esquerda brasileira. Eventos e personagens, paixões revolucionárias e paixões eróticas. Como outros personagens literários, o camarada Arrigo merece entrar na cena da cultura revolucionária brasileira.
IMAGEM: RODRIGO BRANCO
Por Michael Löwy
Marcelo Ridenti é um brilhante sociólogo da cultura, e seus livros dão uma contribuição notável para a história cultural da esquerda no Brasil. Por que decidiu agora redigir um romance? Creio que Ridenti se deu conta – como muitos de nós, cientistas sociais – de que a literatura é capaz de produzir um conhecimento da realidade que vai além do que consegue propor a ciência. Graças à dimensão subjetiva da obra literária, alcançamos uma visão mais rica e profunda da história. E Arrigo ilustra bem essa regra.
A narrativa surge como uma biografia do “camarada do edifício Esplendor”, o velho revolucionário – não arrependido! – Arrigo, que é, sem dúvida, inspirado, ao menos em parte, num verdadeiro herói do povo brasileiro: Apolonio de Carvalho. Encontramos, por isso, no romance, episódios como a greve geral de 1917, em São Paulo; a intentona comunista de 1935; as brigadas internacionais na Espanha; a resistência na França; a luta contra a ditadura no Brasil; as torturas que sofreram os prisioneiros políticos. E Ridenti traduz esse material na linguagem literária da imaginação, sem deixar de fora cenas fantásticas, a tradição “mágica” do romance latino-americano.
Os leitores vão devorar de um só trago esta narrativa ao mesmo tempo épica e irônica – bela combinação – não só da vida do protagonista, mas da história da esquerda brasileira. Eventos e personagens, paixões revolucionárias e paixões eróticas. Como outros personagens literários, o camarada Arrigo merece entrar na cena da cultura revolucionária brasileira.
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Arrigo apresenta ao leitor aventuras e desventuras do personagem que dá nome ao livro. Em uma visita corriqueira, o narrador, participante da narrativa, encontra Arrigo inerte em uma cadeira de balanço. Quando decide procurar ajuda, a porta emperra e o impede de sair do apartamento.
A partir daí, decide terminar um antigo projeto de contar a história de Arrigo e companheiros enquanto aguarda socorro para tirá-los do esvaziado edifício Esplendor, no centro de São Paulo.
Autor de diversas obras de não ficção, Ridenti traz em seu romance de estreia uma mescla de realismo e fantasia e revisita pela ficção cem anos de história da esquerda brasileira.
“Um torvelinho em que uma narrativa engata na
outra e nos instiga a saber o que acontece depois.
Embora se trate de uma obra sobre homens, as mulheres
não aparecem como meras coadjuvantes –
elas são muitas e variadas, e cada uma sustenta sua
própria história, mesmo que esta não seja contada
por inteiro. Um livro necessário em tempos embrutecedores.”
– Regina Dalcastagnè
“Uma narrativa densa e angustiada sobre a nossa história e o nosso
mundo. Arrigo é a personagem cuja vida sintetiza as nossas agruras
e revela a nossa barbárie.”
– Maria Arminda Nascimento Arruda
“Escrita direta e clara, humor e verve.”
– João Quartim de Moraes
Arrigo, de Marcelo Ridenti, tem texto de orelha de Michael Löwy, quarta capa de Regina Dalcastagnè, Maria Arminda Nascimento Arruda e João Quartim de Moraes e pintura da capa de Rodrigo Branco.
Disponível em nossa loja virtual e e-book à venda nas principais lojas do ramo:
Hoje (13/03), às 15h, teremos lançamento de Arrigo com debate entre Marcelo Ridenti, Michael Löwy e Fabio Mascaro Querido, mediação de Sheyla Diniz, na TV Boitempo:
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Michael Löwy é diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), autor de Estrela da manhã: marxismo e surrealismo (2018) Revolta e melancolia: o romantismo na contracorrente da modernidade, Walter Benjamin: aviso de incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no jovem Marx (2012), A jaula de aço: Max Weber e o marxismo weberiano (2014) e O caderno azul de Jenny: a visita de Marx à Comuna de Paris (2021).
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