Karl Marx, esse desconhecido imperdível
Valerio Arcary comenta "Marx, esse desconhecido", de Michael Löwy: "São raros aqueles que conseguem unir o rigor, o respeito e a inteligência de interpretações inusitadas com a força, a paixão e até a alegria da aposta revolucionária."
ARTE: VICTÓRIA LOBO
Por Valerio Arcary
Marx, esse desconhecido, de Michael Löwy, é uma delícia de livro. São raros aqueles que conseguem unir o rigor, o respeito e a inteligência de interpretações inusitadas com a força, a paixão e até a alegria da aposta revolucionária.
Se você quer saber o que Marx pensava sobre o sofrimento que levava mulheres de todas as classes sociais ao suicídio, assim como sobre o papel da tirania familiar do patriarcado que condiciona a opressão feminina, não pode deixar de ler este livro. Se quer uma avaliação crítica das reservas que Marx alimentava sobre a dialética do progresso, indo muito além de um entusiasmo ingênuo com o maquinismo, venha visitar estas páginas. Se tem inquietação sobre o que Marx e Engels escreveram a respeito do sentido de arrebatamento que a religião despertou, vai se impressionar. Se está preocupado com o aquecimento global e os perigos catastróficos com que a crise ambiental nos desafia, encontrará referências na obra de Marx sobre ecologia e os limites da natureza. Se as afinidades entre marxismo e romantismo lhe interessam, vai descobrir que Marx se emocionava com a crítica amarga, ainda que nostálgica, à brutalização imposta pelo capitalismo, e se entusiasmava com a denúncia da maldição do trabalho alienado que destruía a liberdade humana. Se a poderosa ideia de revolução lhe interessa, poderá encontrar uma explicação sobre a originalidade desse conceito no marxismo indissociável da experiência prática da luta de classes e que não pode ser separado do processo de autoemancipação dos trabalhadores. Se alimenta curiosidade sobre o papel militante de Marx como liderança da Primeira Internacional, ou se quer saber sobre o que ele aprendeu com as vitórias e derrotas da Comuna de Paris de 1871, vai ficar perplexo com a simplicidade e perspicácia das análises. Se considera que o problema da relação entre centro e periferia para uma estratégia da revolucionária mundial permanece atual, vai se admirar ao saber que foi Marx quem levantou de forma pioneira a hipótese de que a revolução europeia poderia se iniciar na Rússia, décadas antes da Revolução de Outubro.
Não fosse o bastante, você, leitor ou leitora, vai aqui encontrar também uma reflexão sobre o que Marx pensou sobre a Revolução Francesa, sobre as revoluções de 1848, sobre a primeira fórmula da revolução permanente… e muito mais.
Acredite, é imperdível.
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Os escritos de Karl Marx são relidos e descobertos a cada geração, desde o século XIX. Em função de novas experiências e de novas condições históricas, é possível encontrar diferentes aspectos a cada leitura e interpretação. Seja nas páginas de O capital, sua obra-prima, seja em seus demais escritos, Marx denuncia o caráter desumano e perverso do capitalismo, suas contradições e origens.
Em Marx: esse desconhecido, o cientista social Michael Löwy apresenta ao leitor facetas inusitadas, por vezes quase exóticas, do trabalho desse grande pensador alemão. De fato, Löwy expõe e comenta neste precioso livro pequenos brilhantes garimpados na monumental obra de Marx, capazes de surpreender mesmo os leitores mais aficionados, transitando por temas como suicídio, religião e até ecologia – uma área de estudo que só iria se consagrar por completo mais de cem anos depois.
Junto com esses assuntos instigantes, Löwy não deixa de abordar temas mais clássicos do universo marxiano – como a luta de classes, o fetichismo da mercadoria e a alienação –, sempre com essa postura de revelar um “Marx desconhecido” até mesmo para aqueles que tanto o conhecem.
A obra tem tradução de Fabio Mascaro Querido, texto de orelha de Valerio Arcary e capa de Maikon Nery.
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Valerio Arcary é doutor em história pela USP, professor do Centro Federal de Educação Tecnológica e autor de As esquinas perigosas da História (São Paulo, Xamã, 2004). É um dos autores de István Mészáros e os desafios do tempo histórico (Boitempo, 2011), organizado por Ivana Jinkings e Rodrigo Nobile e de Ninguém disse que seria fácil (Boitempo, 2022).
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