20 leituras para o 20 de novembro

Imagem: Monumento a Zumbi dos Palmares (WikiCommons).

O Dia Nacional da Consciência Negra é um momento de celebração e luta. A data foi escolhida pelo Movimento Negro Unificado em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra contra a escravidão, capturado e morto por bandeirantes em 20 de novembro de 1695. Localizado na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas, o Quilombo dos Palmares foi o maior e mais duradouro dos quilombos, tendo abrigado até 30 mil habitantes ao longo de mais de 100 anos de existência. O legado deixado por Zumbi continua a orientar a luta contra o racismo, a discriminação e a desigualdade social.

Para refletir sobre a questão racial a partir de diversas perspectivas, selecionamos 20 leituras para o 20 de novembro. São dez livros do nosso catálogo (mais 4 indicações bônus) e dez textos publicados no Blog da Boitempo que tratam dos fundamentos econômicos, históricos e culturais da escravidão, da persistência do racismo, das relações entre raça, classe, gênero e nação, além das múltiplas e importantes formas de resistência.

Aproveitamos para lembrar que até o final desta semana, diversas obras da Boitempo que abordam esses temas estarão com descontos de 10% a 40%. Também selecionamos títulos da Boitatá, a fim de celebrar a diversidade racial e pautar o debate antirracista com as novas gerações.

Confira as nossas dicas de leitura:

Intersecções letais: raça, gênero e violência, de Patricia Hill Collins
O novo livro da autora analisa casos concretos, como o assassinato de Marielle Franco no Brasil, o conflito na República Democrática do Congo, a condição das mulheres aborígenes na Austrália e da população negra nos Estados Unidos, valendo-se do conceito de interseccionalidade. “Intersecções letais é uma leitura imprescindível para as pessoas engajadas na luta por justiça social e que buscam aprofundar suas reflexões sobre as conexões entre violência, relações de poder e desigualdades”, escreve Nilma Lino Gomes na orelha da obra.
Aproveite e leia também Pensamento feminista negro e Interseccionalidade, escrito em parceria com Sirma Bilge.


O que é identitarismo?, de Douglas Barros
Articulando filosofia, teoria social e psicanálise, Douglas Barros apresenta uma análise que reconhece a necessidade histórica das lutas rotuladas como identitárias, sem perder de vista as disputas e capturas a que estão sujeitas no atual estágio de acumulação capitalista. Nos termos de Deivison Faustino, “uma valiosa contribuição a um debate novo, que pela primeira vez, encontra uma análise à altura.”

Festas populares no Brasil, de Lélia Gonzalez
Escrita em 1987, a obra apresenta registros fotográficos de festas populares do Brasil de norte a sul com textos informativos que apresentam as marcas da herança africana na cultura brasileira, a integração entre o profano e o sagrado e a reinvenção das tradições religiosas na formação do imaginário cultural brasileiro. Há muito sem edição, o livro apenas aparentemente se distancia do conjunto da produção intelectual de Lélia, marcada pela reflexão política sobre a realidade nacional e pelo debate teórico pioneiro a respeito das intersecções entre raça, classe e gênero. Afinal, o que aqui se revela é uma intérprete do Brasil que definiu a cultura enquanto um de seus temas centrais. Nas palavras da própria autora, “se a gente detém o olhar em determinados aspectos da chamada cultura brasileira a gente saca que em suas manifestações mais ou menos conscientes ela oculta, revelando, as marcas da africanidade que a constituem.”

Mulheres, raça e classe, de Angela Davis
Profundamente analítico, traça as interseções de raça, classe e gênero na luta contra opressões. A autora desafia visões simplistas, expondo a centralidade das mulheres negras. Sua crítica à esquerda ortodoxa e reflexões sobre representatividade são atuais.
Da mesma autora, leia também A liberdade é uma luta constante e Uma autobiografia.

Colonialismo digital, de Deivison Faustino e Walter Lippold
Uma debate provocador sobre o colonialismo digital, suas ramificações e impactos contemporâneos. Explora temas como racismo algorítmico, soberania digital e o papel das tecnologias na perpetuação das desigualdades. Vozes renomadas do debate nacional contribuem para esta discussão fundamental.

Escritos políticos, de Frantz Fanon
Exibindo uma prosa vigorosa, ao mesmo tempo cortante e poética, esta coletânea de artigos retrata a resistência anticolonial na Argélia. Expõe a brutalidade do colonialismo e a força da luta pela libertação, revelando uma análise concreta e uma crítica contundente que ecoam nas lutas contemporâneas.

Democracia para quem?, de Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici
O livro reúne as palestras proferidas de 15 a 19 de outubro de 2019, pelas três intelectuais feministas no âmbito do seminário internacional “Democracia em Colapso?”, promovido pelo Sesc São Paulo e pela Boitempo. No livro, é possível tomar contato com reflexões feitas pelas autoras — referências globais em suas áreas de estudo e de atuação — sobre temas como capitalismo, racismo, desigualdade social, ecologia, entre outros.

Como a Europa subdesenvolveu a África, de Walter Rodney
Livro do historiador e líder teórico do pan-africanismo Walter Rodney que detalha o impacto da escravidão e do colonialismo na história da África. Escrita em 1972 e publicada agora pela primeira vez em língua portuguesa, a obra, considerada uma obra-prima da economia política, argumenta que o inabalável “subdesenvolvimento” africano não é um fenômeno natural, e sim um produto da exploração imperial do continente, prática que continua até hoje.

Os jacobinos negros, de C. L. R. James
Narrativa minuciosa da vitoriosa insurreição dos escravos em São Domingos, hoje Haiti, em 1791. Desmascara mitos e revela a luta incansável por liberdade e igualdade, explorando o legado e os desafios pós-independência. Para compreender o impacto duradouro da revolução haitiana na América Latina.

A nova segregação: racismo e encarceramento em massa, de Michelle Alexander
Um olhar crítico e impactante sobre o sistema prisional dos EUA e seu profundo vínculo com o racismo estrutural. A autora revela a continuidade do controle racial e da segregação, questionando a justiça e lançando luz sobre um sistema de subcastas perpetuado pelo encarceramento em massa.


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