6 livros para repensar a relação entre psicanálise e política
Detalhe de “A fuga” (1961), de Remedios Varo (WikiCommons).
No embalo dos eventos de lançamento de O desejo de psicanálise, livro recém-traduzido de Gabriel Tupinambá, listamos seis obras do catálogo da Boitempo que abordam a relação entre psicanálise e política.
O tempo e o cão, de Maria Rita Kehl
De que forma a sociedade como a nossa, tão pautada pelo estímulo à felicidade e ao gozo irrestrito, é capaz de produzir indivíduos depressivos? Vencedor do Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção em 2010, a obra é referência para pensar alternativas de tratamento das depressões e para interpretar a sociedade em que vivemos.
Ressentimento, de Maria Rita Kehl
A obra pioneira da psicanalista e escritora Maria Rita Kehl aborda a conceitualização do ressentimento a partir de quatro pontos de vista: a clínica psicanalítica, a filosofia de Nietzsche e Espinosa, a produção literária e o campo político. Sua análise perspicaz explora como essa emoção afeta nosso mundo, revelando seu papel na polarização e no desejo de eliminação do “outro”. Tema atual, presente nos conflitos sociais daqueles que não se veem como agentes da vida social e política. Nas palavras da autora: “Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer.”
Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros, de Christian Dunker
A complexa relação entre mal-estar, sofrimento e sintoma na sociedade. O prestigiado psicanalista realiza uma análise original, revelando como a privatização do espaço público cria uma vida condominial. Desafia concepções tradicionais e propõe uma reconstrução das formas de vida.
Lacan e a democracia, de Christian Dunker
É possível a associação entre psicanálise e democracia? De que maneira os conceitos de Jacques Lacan se relacionam com a política em geral? Lacan e a democracia apresenta aos leitores afinidades entre psicanálise e democracia no atual contexto de ascensão de fenômenos como a antipolítica – não apenas conservadora, mas fascista em termos discursivos. O autor mostra como a psicanálise contribui para a tradição crítica, para a reflexão histórica sobre a democracia e também para a revalorização da palavra em sua ação direta pelos sujeitos.
“Se a boa clínica psicanalítica é crítica social é porque ela sabe ouvir as contradições da vida social nos sintomas dos sujeitos que sofrem, ela conhece bem a irrealidade dos valores normativos de nossas sociedades e a maneira com a que tal irrealidade produz afetos nos corpos, inibições nos desejos, angústias em relação ao tempo e à ação.”
Vladimir Safatle na apresentação de Lacan e a democracia
O absoluto frágil, de Slavoj Žižek
Crítica ousada, que explora o papel do cristianismo e do marxismo na luta contra o fundamentalismo. Combina filosofia, psicanálise e exemplos da cultura moderna para discutir conflitos culturais e religiosos, destacando a importância da tolerância na busca pela liberdade.
O desejo de psicanálise: exercícios de pensamento lacaniano, de Gabriel Tupinambá
Extremamente original, este livro contribui para a superação dos limites atuais da psicanálise lacaniana, além de propor uma prática psicanalítica que se pretenda pública. Mais que uma aplicação da vertente lacaniana à política, trata-se de uma leitura marxista, com suporte da filosofia e das ciências, que reavalia os impasses e os méritos da clínica e teoria de Lacan. Já reconhecida internacionalmente, a obra foi primeiro publicada em língua inglesa. Agora chega ao país natal do autor com tradução de Gabriel Lisboa Ponciano, apresentação de Carla Rodrigues, prefácio de Slavoj Žižek, texto de orelha do Coletivo Margem Psicanálise, texto de quarta capa de Christian Dunker e capa de Livia Viganó sobre Pequena flor Urano (2024), de Darks Miranda (foto de Julia Thompson).
AGENDA DE EVENTOS
Lançamento de O desejo de psicanálise, com Gabriel Tupinambá, Douglas Barros, Juliana Henrique e mediação de Augusto Ismerim
Sexta-feira, 29/11, às 18h30 (com transmissão ao vivo pela TV Boitempo)
Tapera Taperá
Galeria Metrópole – Loja 29, 2º andar
Av. São Luís, 187 – Centro
São Paulo/SP
XIX Seminário de Discentes do PPGFIL UERJ
Lançamento de O desejo de psicanálise: exercícios de pensamento lacaniano, com Gabriel Tupinambá e Jenifer Belo
Sexta-feira, 06/12, às 14h
UERJ
Departamento de Filosofia – 9º andar, sala de Reuniões I
Rua São Francisco Xavier, 524
Rio de Janeiro/RJ
Psicanálise, clínica e política, com Gabriel Tupinambá e João Batista Ferreira
Sábado, 07/12, às 10h
Evento presencial apenas para membros do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos do Rio de Janeiro
Transmissão online via Zoom para público geral mediante inscrição no Sympla (mais informações na página @ebeprj)
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