As raízes estruturais da violência
10ª Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Por Nilma Lino Gomes
Neste livro, Patricia Hill Collins explora as causas e os contornos da disseminação da violência nas sociedades contemporâneas.
A autora compreende a violência como uma preocupação tanto em pequenas comunidades quanto no âmbito da geopolítica global. No entanto, não se limita a constatar sua presença; ao contrário, a análise problematiza dimensões interseccionais e multifacetadas da violência. Collins examina um conjunto diversificado de casos retirados da cultura popular, nos quais é possível perceber a relação entre violência e poder. Situações que podem ser encontradas em relatos jornalísticos, obras de ficção, não ficção, memórias e materiais similares da produção cultural contemporânea e outros documentos amplamente acessíveis ao grande público.
Ao longo da obra, a autora analisa as diferentes práticas de insurgência de sujeitas e sujeitos pertencentes aos coletivos sociais diversos historicamente tratados como desiguais para resistir à violência interseccional.
São mulheres, pessoas de cor, pessoas LGBTQIA+, imigrantes, pessoas em situação de pobreza, com deficiência, gente que enfrenta cotidianamente as intersecções letais da violência.
Provocativo e desafiador, este livro é fundamental para aquelas e aqueles que buscam compreender as raízes estruturais da violência, a qual Collins se recusa a aceitar como inevitável, convidando-nos a resistir a esse perverso fenômeno. Intersecções letais é uma leitura imprescindível para as pessoas engajadas na luta por justiça social e que buscam aprofundar suas reflexões sobre as conexões entre violência, relações de poder e desigualdades.



Em Intersecções letais: raça, gênero e violência, Patricia Hill Collins analisa situações como o assassinato de Marielle Franco no Brasil, o conflito na República Democrática do Congo, a condição das mulheres aborígenes na Austrália e da população negra nos Estados Unidos. No livro, a autora aponta metodologicamente e de maneira acessível como aplicar o conceito de interseccionalidade em investigações sobre as origens e as consequências da desigualdade e da injustiça.
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Nilma Lino Gomes é professora titular emérita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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