Al-Nakba, 77 anos: o que é, afinal, uma catástrofe?
"Diante de tudo isso, pergunto: como ainda há quem tenha a coragem de falar em “paz”, em “pontes”, em “diálogo”? A imoralidade, ao que parece, nunca falta à coragem. Não por acaso, seguimos presos à tarefa distópica de explicar o óbvio — como definir o que é genocídio, esclarecer que dizer “Palestina livre do rio ao mar” não é antissemitismo, entre outras batalhas discursivas cujo único objetivo é desviar nossa energia da denúncia e da ação política real."

Expulsão de mulheres e crianças de Tantura para Furaydis em 1948. Imagem: Wikimedia Commons
Por Rafael Domingos Oliveira
Hoje é um dia oportuno para nos perguntarmos o que é, afinal, uma catástrofe, para refletirmos sobre o peso e o alcance dessa palavra. Para alguns, trata-se de um evento abrupto e destrutivo, um rompimento violento da ordem e da normalidade — uma suspensão do tempo linear, uma fratura que desorganiza o mundo e nos obriga a encarar o fato de que nossos destinos escapam ao nosso controle. Essa definição certamente expressa bem a experiência compartilhada por milhares de palestinos no dia seguinte à declaração de estabelecimento do Estado de Israel por David Ben-Gurion, em 14 de maio de 1948 — data cinicamente chamada em Israel de “Dia da Independência”.
Independência de quê, exatamente? Não está claro — afinal, colonizadores não podem declarar independência de um território por eles ocupado. Mas foi precisamente isso que Ben-Gurion proclamou naquele fatídico 14 de maio, marcando o fim da primeira fase da guerra deflagrada após a resolução da ONU, em 29 de novembro do ano anterior, que impunha o Plano de Partilha da Palestina. Ben-Gurion — que até os 24 anos chamava-se David Grün, nascido em Płońsk, na então Polônia czarista — era à época Chefe Executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina, entidades coloniais por excelência.
Aquilo que a versão oficial da história israelense insiste em chamar de “independência” foi, na verdade, uma das etapas mais brutais da limpeza étnica da Palestina: mais de 500 aldeias destruídas, cerca de 15 mil mortos e 750 mil pessoas forçadas ao exílio: Al-Nakba — “a catástrofe”, em árabe.
Mas, se para alguns uma catástrofe é um evento súbito e inesperado — como os dias de horror, morte e expulsão que marcaram 1948 para o povo palestino —, outros chamam a atenção para as catástrofes contínuas, persistentes, tornadas rotina. Nem todas têm data de início ou fim; algumas atravessam décadas, séculos. E esse também é o caso da Nakba.1
Dessa perspectiva — que talvez seja a que melhor exprime a história palestina —, a catástrofe fere a percepção de normalidade do cotidiano, destrói a ilusão da permanência, desvela o abismo sob o chão supostamente estável. Revela que o que se chamava “normal” já repousava sobre ruínas. É o que Walter Benjamin chamaria de verdadeiro estado de exceção: o regime da normalidade.2 A catástrofe, nesse sentido, não é apenas um colapso — é também uma revelação: de que algo já estava falido, apodrecido.
A Nakba deve ser entendida como um processo iniciado ainda no final do século XIX, com a intensificação da colonização sionista da Palestina, e que teve marcos importantes nas décadas de 1920 e 1930, quando se acumulam revoltas, repressões e deslocamentos forçados — os primeiros grandes despedaçamentos daquele mundo.3 1948, portanto, não é o começo, mas um dos ápices da catástrofe.
Um ápice porque não se encerra em 1948. A Nakba continua e tornou-se uma nova rotina. A noção de continuidade aqui é fundamental, pois reorganiza a memória coletiva, impõe novas geografias do trauma e desloca a própria ideia de futuro. Em contextos de colonialismo, apartheid ou limpeza étnica, a catástrofe não é um evento — é o próprio regime. A morte torna-se administração, o extermínio vira política pública, o sofrimento se converte em dado estatístico.
E o perigo maior, como tantos têm alertado, está na normalização da barbárie — na adaptação à dor alheia. E aqui chegamos aos nossos dias: dias que carregam o peso de mais de 77 anos e um acúmulo de horrores sucessivos. Desde outubro de 2023, mais de 53.000 palestinos foram assassinados (segundo dados oficiais, mas muito subestimados) e cerca de 90% da população de Gaza, estimada em 2,1 milhões de pessoas, foi deslocada de suas casas. O bloqueio imposto por Israel desde março de 2025 interrompeu totalmente a entrada de alimentos, medicamentos e combustível, criando uma realidade simplesmente impensável. A Organização Mundial da Saúde alerta para o aumento alarmante da desnutrição infantil, com 11% das crianças em algumas áreas sofrendo de desnutrição aguda e pelo menos 55 mortes por fome já registradas.
A fome ameaça toda a população de Gaza. Segundo a Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), cerca de 477.000 pessoas em Gaza enfrentam fome catastrófica (fase 5), enquanto mais de um milhão estão em situação de emergência alimentar (fase 4). A escassez levou ao fechamento de padarias e cozinhas comunitárias, e os preços de alimentos básicos dispararam. A destruição de infraestruturas agrícolas e a falta de combustível comprometem ainda mais a segurança alimentar da região.4
Mas nada disso é segredo. Cada um desses dados está amplamente acessível, e as redes sociais registram cenas indescritíveis — de crianças despedaçadas, valas comuns, hospitais bombardeados, passando pelos mais abjetos registros de crimes de guerra. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já declarou que não cessará as operações militares até a “derrota total do Hamas” e afirmou que pretende ocupar Gaza por tempo indeterminado (os reféns israelenses definitivamente não são sua prioridade). Autoridades do governo têm declarado, de forma explícita, que a expulsão total da população palestina será realizada.

Campo de refugiados palestinos de Nahr al-Bared, no Líbano, em 1952. Imagem: Wikimedia Commons.
Nada disso é segredo, mas também não é novidade: entre os primeiros acontecimentos que consolidaram a Nakba, há 77 anos, está o Plano Dalet, elaborado pela Haganá — força terrorista sionista — no início de 1948, com o objetivo de “limpar” militarmente as áreas destinadas ao futuro Estado de Israel. A aplicação desse plano resultou em massacres como o de Deir Yassin, em abril daquele ano, cujo impacto psicológico e estratégico foi devastador: espalhou o terror e precipitou o êxodo forçado de dezenas de milhares de palestinos.5 A história não apenas se repete — ela se intensifica. E tem sido assim há décadas.
Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou militarmente Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, em clara violação do direito internacional. Essa ocupação configurou o regime sistemático de apartheid e colonialismo, consolidado por meio da expansão de assentamentos ilegais, demolições de casas, confisco de terras agrícolas, construção do muro de separação e imposição de um sistema jurídico duplo: leis civis para colonos judeus e leis militares para palestinos. Além disso, prisões arbitrárias e a detenção administrativa — sem acusação formal ou julgamento — tornaram-se práticas comuns. Desde então, mais de 800 mil palestinos passaram pelo sistema carcerário israelense, incluindo milhares de crianças. A ocupação também fragmentou o território palestino em enclaves isolados, tornando impossível uma vida social, econômica e política autônoma6.
Nas últimas décadas, a Faixa de Gaza tornou-se o principal alvo das ofensivas militares israelenses e da política de punição coletiva. Após a vitória do Hamas nas eleições de 2006 e o bloqueio imposto em 2007, Gaza foi submetida a um cerco terrestre, aéreo e naval que restringe drasticamente a entrada de bens essenciais e a liberdade de circulação. Desde então, Israel lançou sucessivas operações militares de grande escala contra a população civil: “Chumbo Fundido” (2008-2009), que deixou mais de 1.400 mortos; “Pilar Defensivo” (2012); “Margem Protetora” (2014), com mais de 2.200 mortos; e “Guardiões das Muralhas” (2021), com bombardeios sobre prédios residenciais e centros de imprensa. Todas essas ofensivas tiveram como alvo infraestruturas civis — escolas, hospitais, redes de eletricidade e saneamento — e contribuíram para o colapso das condições básicas de vida em Gaza, já extremamente precarizadas pelo bloqueio.7
A consequência é uma crise humanitária permanente, agravada pela destruição cíclica do território e pela impossibilidade de reconstrução efetiva sob o cerco. Antes de outubro de 2023, Gaza — cuja população é composta majoritariamente por refugiados da Nakba e seus descendentes — já estava submetida a condições de vida insustentáveis: mais de 80% já viviam abaixo da linha da pobreza, o desemprego ultrapassava os 60%, e a água potável era objeto de luxo. A cada ofensiva, novos traumas se somam a uma paisagem urbana em ruínas e a um cotidiano dominado pela escassez e pelo luto. Essa realidade não é consequência de uma falha de governança, mas de um projeto de dominação colonial sustentado por décadas de impunidade e pela cumplicidade de potências ocidentais, que garantem apoio político, diplomático e militar ao regime israelense.8
Uma prova disso é a Resolução 194 da ONU que, já em dezembro de 1948, reconheceu o direito dos refugiados palestinos de retornarem às suas casas, isto é, reconheceu a existência de refugiados, o que por si só já era um sintoma evidente da catástrofe em curso. Mas Israel jamais cumpriu tal determinação. Ao contrário, aprovou leis que expropriaram as terras palestinas — como a Lei de Propriedade dos Ausentes (1950) — e impediu sistematicamente o retorno dos expulsos.
Foi nesse contexto que, em 1949, a ONU criou a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo), encarregada de prestar ajuda humanitária aos milhões de palestinos que viviam em campos de refugiados na Jordânia, Líbano, Síria, Cisjordânia e Faixa de Gaza. A própria existência da UNRWA, pensada inicialmente como uma resposta temporária, tornou-se símbolo da permanência da Nakba. Ainda hoje, mais de cinco milhões de refugiados palestinos estão registrados na agência, vivendo sob condições precárias, à espera de justiça e retorno. O corte de financiamento à UNRWA, promovido por países como os EUA e o Reino Unido sob justificativas racistas, faz parte dessa engrenagem de desumanização e abandono9.
Diante de tudo isso, pergunto: como ainda há quem tenha a coragem de falar em “paz”, em “pontes”, em “diálogo”? A imoralidade, ao que parece, nunca falta à coragem. Não por acaso, seguimos presos à tarefa distópica de explicar o óbvio — como definir o que é genocídio, esclarecer que dizer “Palestina livre do rio ao mar” não é antissemitismo, entre outras batalhas discursivas cujo único objetivo é desviar nossa energia da denúncia e da ação política real.
Não bastasse tudo isso, inventaram até o “pós-sionismo” — sabe-se lá o que isso realmente quer dizer —, mais uma tentativa de escapar do confronto direto com a realidade. A verdade é simples e incômoda: a catástrofe precisa acabar. E isso significa reconhecer que Israel — o regime colonial, de apartheid e genocídio — precisa ser desmantelado. Roubemos, então, a coragem dos imorais e digamos sem rodeios: Israel, tal como existe, precisa acabar. Porque justiça não se faz com eufemismos — e liberdade, tampouco.10
Nós, brasileiras e brasileiros, sabemos disso. A Nakba é plenamente inteligível para nós. A realidade enfrentada pelo povo palestino sob ocupação e apartheid encontra paralelos inquietantes nas vivências de populações negras, indígenas e periféricas no Brasil. Ambas são marcadas por regimes de violência de Estado, controle territorial e políticas de extermínio sustentadas por tecnologias de vigilância, repressão e racismo estrutural. No caso brasileiro, comunidades negras e indígenas têm sido historicamente alvo de ações policiais militarizadas, remoções forçadas e criminalização sistemática, refletindo uma lógica necropolítica que determina quem pode viver e quem deve morrer. Essa lógica se expressa em operações letais nas favelas, na grilagem de territórios indígenas, quilombolas e de populações tradicionais, e na marginalização de jovens negros e periféricos.11
Um aspecto alarmante dessa conjuntura é a importação e aplicação de tecnologias militares desenvolvidas por Israel, testadas em contextos de ocupação na Palestina, e posteriormente empregadas em território brasileiro. O Brasil tornou-se um dos principais compradores de tecnologia e treinamento militar israelense, adquirindo drones, sistemas de vigilância, armamentos e veículos blindados que hoje integram operações de “segurança pública” em periferias urbanas e áreas indígenas. Essa transferência tecnológica transfere também uma lógica: aquilo que foi projetado para controlar e exterminar palestinos é adaptado para reprimir e silenciar os corpos racializados e empobrecidos no Brasil. A tecnologia da guerra colonial atravessa fronteiras e se instala como ferramenta cotidiana de repressão interna.12
A convergência entre as práticas de repressão em Israel e no Brasil revela uma aliança tácita na exportação global de modelos de controle social e militarização. Enquanto Israel utiliza os territórios palestinos como laboratórios para o desenvolvimento de tecnologias de ocupação, o Brasil as adota para reforçar políticas de segurança que perpetuam a violência contra negros, indígenas e moradores de favelas. A luta por justiça e liberdade na Palestina está, portanto, profundamente conectada às lutas por direitos, vida e dignidade no Brasil. Reconhecer essa conexão é fundamental para fortalecer solidariedades internacionais e combater, de forma articulada, os sistemas globais de dominação e exclusão.13
O projeto colonial que teve início com a limpeza étnica da Palestina segue em curso — agora sob os holofotes do mundo, que iluminam a barbárie em tempo real. A normalização persiste, e é justamente nela que reside uma das formas mais perigosas de cumplicidade. Quando a violência contínua se torna banal, quando a ocupação é naturalizada e o extermínio se apresenta como “autodefesa”, o horror deixa de chocar e passa a ser administrado, justificado, digerido.
Ao refletir sobre o genocídio em Gaza e o lugar da Palestina na história, confrontamos o mundo com o abismo ético de nossa época — um tempo em que a barbárie não apenas se repete, mas é legitimada em nome da “segurança” e da “geopolítica”. O que está em jogo é o próprio conceito de humanidade.14 Quando os corpos das crianças são reduzidos a “danos colaterais” e os direitos humanos tornam-se seletivos, a questão não é apenas sobre a Palestina — mas sobre o destino moral do mundo contemporâneo. Diante disso, a solidariedade com o povo palestino não é apenas um dever ético ou humanitário: é um imperativo histórico. Impedir que a Nakba triunfe, que o projeto genocida alcance seus objetivos, é preservar a própria ideia de justiça.
Aos 77 anos da Nakba, a luta do povo palestino permanece como uma das mais longas e emblemáticas da história. Não haverá justiça sem o direito ao retorno, sem o fim do apartheid, sem a responsabilização por décadas de crimes. E não haverá humanidade possível enquanto Gaza continuar sendo um campo de extermínio a céu aberto. Lembrar a Nakba, hoje — pensar a catástrofe, portanto — é também exigir responsabilidade. É interrogar não apenas o que aconteceu, mas o que permitimos que acontecesse. É escavar as camadas do silêncio, nomear o que foi negado, escutar.
O que é, afinal, a catástrofe? Uma chance — dura, dolorosa — de reconstruir o sentido, de recuperar o essencial, de escutar aquilo que o ruído da normalidade sempre abafou. Talvez por isso, diante da catástrofe, tantos se calem — e outros, enfim, comecem a falar.
Notas
- CLEMESHA, Arlene. “Al-Nakba e os percursos historiográficos de uma tragédia sem fim” In OLIVEIRA, Rafael Domingos (org.). Gaza no coração: história, resistência e solidariedade na Palestina. São Paulo: Elefante, 2024, pp. 67-94. ↩︎
- “A tradição dos oprimidos nos ensina que o ‘estado de exceção’ em que vivemos é a regra.” Tese VIII das Teses sobre o conceito de História (1940), de Walter Benjamin. ↩︎
- KANAFANI, Ghassan. A revolta de 1936-1939 na Palestina. São Paulo: Sundermann, 2015 (originalmente publicado em 1972). ↩︎
- SAIF, Atef Abu. Quero estar acordado quando morrer. Diário do genocídio em Gaza. São Paulo: Elefante, 2024 e SAIF, Atef Abu; ATARI, Abd al-Salam; OLIVEIRA, Rafael Domingos (orgs.). Diários de Gaza, vol 1. A memória é uma casa indestrutível. Rio de Janeiro: Tabla, 2024. ↩︎
- MASALHA, Nur. Expulsão dos palestinos. O conceito de transferência no pensamento político sionista, 1882-1948. São Paulo: Sundermann, 2021; PAPPE, Ilan. A limpeza étnica da Palestina. São Paulo: Sundermann, 2016. MISLEH, Soraya. Al Nakba, um estudo sobre a catástrofe palestina. São Paulo: Sundermann, 2017. ↩︎
- KHALID, Rashid. Palestina, um século de guerra e resistência (1917-2017). São Paulo: Todavia, 2024; SAID, Edward. A questão da Palestina. São Paulo: Ed. Unesp, 2012; THRALL, Nathan. Um dia na vida de Abed Salama. Anatomia de uma tragédia em Jerusalém. Rio de Janeiro: Zahar, 2025. ↩︎
- LEVY, Gideon. The killing of Gaza. Reports on a Catastrophe. New York: Verso, 2024 [a tradução brasileira será publicada pela Editora Elefante ainda neste ano]; ERAKAT, Noura. Justice for some. Law and the Question of Palestine. California: Stanford University Press, 2020; OMER, Mohammed. Em estado de choque. Sobrevivendo em Gaza sob ataque israelense. São Paulo: Autonomia Literária, 2017. ↩︎
- BHATTACHARYA, Tithi. “Esqueci de morrer: reflexões sobre a reprodução social da vida palestina” In OLIVEIRA, Rafael Domingos (org.). Gaza no coração: história, resistência e solidariedade na Palestina. São Paulo: Elefante, 2024, pp. 51-66. ↩︎
- PAPPÉ, Ilan. Brevíssima história do conflito Israel-Palestina. São Paulo: Elefante, 2025; CARAMURU, Bárbara. Palestina: manual da ocupação. Bauru: Canal 6, 2024. ↩︎
- PAPPÉ, Ilan. Dez mitos sobre Israel. Rio de Janeiro: Tabla, 2022; CLEMESHA, Arlene. Marxismo e Judaísmo. História de uma relação difícil. São Paulo: Boitempo, 2025 (1ª. Edição de 1998); BUTLER, Judith. Caminhos divergentes. Judaicidade e crítica do sionismo. São Paulo: Boitempo, 2017; ALTMAN, Breno. Contra o sionismo. Retrato de uma doutrina colonial e racista. São Paulo: Alameda, 2023. ↩︎
- FAUSTINO, Deivison. “Racismo, colonialismo e genocídio na Palestina ocupada” In OLIVEIRA, Rafael Domingos (org.). Gaza no coração: história, resistência e solidariedade na Palestina. São Paulo: Elefante, 2024, pp. 115-138; ANGATU, Casé. “O povo originário palestino reexiste por seu território e vida” In Gaza no coração, pp. 353-356; BELCHIOR, Douglas, BORGES, Pedro e NASCIMENTO, Simone. “Povo negro brasileiro e povo palestino: a aliança dos condenados da terra contra o colonialismo” In Gaza no coração, pp. 365-372; MARTINS, Gizele. “Das favelas do Rio à Palestina” In Gaza no coração, pp. 357-364. ↩︎
- LOEWENSTEIN. Antony. Laboratório Palestina. Como Israel exporta tecnologia de ocupação para o mundo. São Paulo: Elefante, 2024. ↩︎
- DAVIS, Angela. “Sobre a Palestina, a G4S e o complexo industrial-prisional” in A liberdade é uma luta constante. São Paulo: Boitempo, 2018; LOSURDO, Domenico. “O sionismo e tragédia do povo palestino” In Colonialismo e luta anticolonial. Desafios da Revolução no século XXI. São Paulo: Boitempo, 2020; FEDERICI, Silvia. “Em Gaza, o capitalismo reencontra a sua vocação originária” In OLIVEIRA, Rafael Domingos (org.). Gaza no coração: história, resistência e solidariedade na Palestina. São Paulo: Elefante, 2024, pp. 41-50; HUBERMAN, Bruno. Colonização neoliberal em Jerusalém. São Paulo: Educ, 2023. ↩︎
- TRAVERSO, Enzo. Gaza diante da história. Âyiné, 2024. ↩︎
Rafael Domingos Oliveira é Historiador e educador, doutorando em História pela UNIFESP e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Afro-Américas (NEPAFRO). É autor de Vozes Afro-Atlânticas: autobiografias e memórias da escravidão e da liberdade (Elefante, 2022) e organizador de Gaza no coração: história, resistência e solidariedade na Palestina (Elefante, 2024) e Diários de Gaza, volume 1: a memória é uma casa indestrutível (Tabla, 2024). Atua nas áreas de história da escravidão e abolição nas Américas, história pública e memória palestina.
LEITURAS PARA SE APROFUNDAR NO TEMA









Marxismo e judaísmo: história de uma relação difícil, de Arlene Clemesha
A chamada “questão judaica” esteve e está no centro da história contemporânea. Não é de se estranhar que o judaísmo tenha lançado ao marxismo os maiores desafios à sua capacidade explicativa e transformativa. Neste livro, a professora e historiadora Arlene Clemesha passa em revista as metamorfoses dessa controvertida trajetória, desde o ensaio Sobre a questão judaica, de Karl Marx, até o clássico trabalho de Abraham Léon, escrito em pleno desenvolvimento do Holocausto, que ceifaria a vida do seu autor.
Escrita em linguagem acessível e desmistificadora, a obra cobre um intervalo crucial que vai desde os debates no incipiente movimento socialista do século XIX. Passando pela criação da Internacional Socialista e o surgimento do primeiro grande partido socialista judeu, o Bund, até o período da Revolução Russa de 1917 e a Guerra Civil Espanhola, Marxismo e judaísmo resgata uma história dos movimentos políticos judaicos que a vitória do sionismo buscou apagar.

A Margem Esquerda | #43 abre com densa entrevista concedida pelo historiador palestino-americano Rashid Khalidi a Tariq Ali, artigos de Arlene Clemesha, Samah Jabr, Tithi Bhattacharya, Bruno Huberman e Ilan Pappé, ensaio visual do artista plástico palestino Yazan Khalili e poema de Rafaat Alareer, assassinado em dezembro de 2023 por um bombardeio aéreo israelense.


Caminhos divergentes, de Judith Butler
A partir das ideias de Edward Said e de posições filosóficas judaicas, Butler articula uma crítica do sionismo político e suas práticas de violência estatal ilegítima, nacionalismo e racismo patrocinado pelo Estado. Além de Said, reflete sobre o pensamento de Levinas, Arendt, Primo Levi, Buber, Benjamin e Mahmoud Darwish para articular uma nova ética política, que transcenda a judaicidade exclusiva e dê conta dos ideais de convivência democrática radical, considerando os direitos dos despossuídos e a necessidade de coabitação plural.
Ideologia e propaganda na educação, de Nurit Peled-Elhanan
A professora de linguagem da educação investiga os recursos visuais e verbais utilizados em livros didáticos de Israel para representar a população palestina. Mobilizando o arcabouço teórico e metodológico da análise crítica do discurso e da análise multimodal, Nurit Peled-Elhanan detalhada os mecanismos pelos quais esses materiais escolares moldam um imaginário de marginalização: o discurso aparentemente científico e neutro é, em realidade, carregado de signos de violência, desprezo e intolerância que oculta a população palestina.


Cultura e política, de Edward W. Said
Edward Said imprime uma visão universalista em suas análises sobre a questão palestina, inserindo-a no conjunto das grandes lutas pelo reconhecimento de todos os povos a afirmar sua identidade e ter sua expressão política. Sua obra denuncia o racismo ocidentalista, que tenta se legitimar como visão hegemônica do mundo, opõe-se à criminalização da luta do povo palestino e de todos aqueles considerados fora dos padrões da chamada civilização ocidental.
A liberdade é uma luta constante, de Angela Davis
Esta ampla seleção de artigos traz reflexões sobre como as lutas históricas do movimento negro e do feminismo negro nos Estados Unidos e a luta contra o apartheid na África do Sul se relacionam com os movimentos atuais pelo abolicionismo prisional e com a luta anticolonial na Palestina. A obra da intelectual e ativista Angela Davis ensina também a pensar a nossa luta em relação a todos os “condenados da terra”, como escreveu Frantz Fanon.
Confira também conteúdos gratuitos para se aprofundar nos debates sobre a questão palestina e lutar por uma #PalestinaLivre do rio ao mar! ✊🏾🍉
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