A ordem do capital
como economistas inventaram a austeridade e abriram caminho para o fascismo
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autor:
Clara Mattei
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tradutor:
Heci Regina Candiani
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nota da edição:
Clara Mattei e Mariella Pittari
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orelha:
Luís Nassif
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capa:
Maikon Nery
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apoio:
Fundação Perseu Abramo
- título original:
- The Capital Order: How Economists Invented Austerity and Paved the Way to Fascism
- edição:
- 1
- selo:
- Boitempo
- páginas:
- 488
- formato:
- 23cm x 16cm x 3cm
- peso:
- 750 Gramas
- ano de publicação:
- 2023
- encadernação:
- brochura
- ISBN:
- 9786557173213
Por mais de um século, diferentes países e governos enfrentaram crises financeiras ao aplicar cortes em políticas públicas e precarizar as relações de trabalho. Embora tenham sido bem-sucedidos em acalmar os credores e o mercado, os efeitos no bem-estar social e econômico da classe trabalhadora foram devastadores. Em tempos de crises e incertezas, a austeridade continua sendo praticada em todo o globo. A ordem do capital, de Clara Mattei, é um estudo profundo e interdisciplinar sobre a relação entre austeridade e ascensão do fascismo.
Voltando ao início do século XX, a economista traça as origens da austeridade no entreguerras na Grã-Bretanha e na Itália, revelando como a autonomia da classe trabalhadora nos anos pós-Primeira Guerra Mundial incentivaram um conjunto de políticas econômicas de cima para baixo que sufocou os trabalhadores e impôs uma hierarquia ainda mais rígida em suas sociedades. Foi quando a austeridade revelou seu principal objetivo, a proteção do capital e a eliminação de todas as alternativas ao sistema capitalista, e foi nesse contexto que a política econômica funcionou como aliada ao fortalecimento do fascismo.
Considerado pelo Financial Times um dos melhores livros de 2022 e por Thomas Piketty como “leitura obrigatória, com importantes lições para o futuro”, A ordem do capital, com sua base teórica sólida e fontes históricas e arquivísticas originais, oferece um novo olhar sobre a história da austeridade, intrinsicamente conectada com a economia moderna e com o poder político contemporâneo.
Trecho
“O compromisso com a austeridade por parte dos especialistas financeiros era tão grande que eles estavam dispostos a confiar em uma ditadura sangrenta para reerguer os pilares desmoronados da acumulação de capital. Todos os olhos voltaram-se para Mussolini, cuja ditadura era forte o suficiente para enfim amansar o povo italiano e torná-lo ‘disciplinado, silencioso e pacífico’.
Sob esse prisma, os observadores estrangeiros avaliavam e julgavam o fascismo apenas pelo desempenho econômico. Esses especialistas internacionais eram indiferentes quando se tratava de métodos políticos. Para eles, uma ditadura violenta era semelhante à ‘arquitetura barroca romana’: algo que seria afrontoso em um clima democrático diferente, mas na Itália se adequava muito bem ao país e ao povo.”