Atlas do romance europeu 1800-1900, de Franco Moretti, oferece ao leitor uma nova possibilidade de ler os fenômenos culturais sob a égide de diagramas e mapas.
Por meio de traçados originais, Moretti analisa o romance e suas relações internas, tornando visível a ligação entre geografia e literatura sob duas formas bastante distintas: a do espaço na literatura - o espaço ficcional - e a da literatura no espaço - o espaço histórico. Nessa sua “geografia literária”, o autor estabelece conexões fascinantes e lança um olhar completamente novo sobre a Europa do romance histórico, a Inglaterra de Jane Austen, a Paris de Balzac e Zola, a Londres de Dickens e Conan Doyle, a Espanha de Miguel de Cervantes.
Em diversos mapas, Moretti esclarece as conjeturas geográficas dos romances do século XIX e o alcance geográfico de autores e gêneros literários por todo o continente. Um mapa classifica e organiza alguns objetos que, diante da disposição, ganha nova inteligibilidade.
Moretti, com seu “atlas”, também apresenta esse traço investigativo. Nele, os mapas não têm apenas funções figurativas ou ornamentais, são ferramentas analíticas que nos permitem ver literatura de um modo totalmente novo e diferenciado.
Para o autor, a geografia não é um recipiente inerte, nem uma caixa onde a história cultural ocorre, mas uma força ativa que penetra no campo literário e o harmoniza em profundidade. Nesse estudo, sugere que o espaço pode ser um protagonista oculto na história cultural.
O Atlas do romance europeu dialoga com o leitor, explicitando os impasses da pesquisa e refletindo sobre as potencialidades das mediações construídas. Mais que um simples estudo literário, é um novo caminho para a leitura e compreensão da literatura.