Manifesto Comunista
Este seminal escrito de 1848 trouxe como ideia central o internacionalismo proletário. Com os Prefácios originais acompanhados de ensaios de pensadores como Trotsky, a obra política mais lida e difundida globalmente mostra-se atual, incitando a busca por um novo internacionalismo no século XXI.
No final de fevereiro de 1848, foi publicado em Londres um pequeno panfleto que acabaria por se tornar o documento político mais importante de todos os tempos: o Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels. Passado mais de um século e meio, a atualidade e o vigor deste texto continuam reconhecidos por intelectuais das mais diversas correntes de pensamento.
A Boitempo Editorial utilizou, com alguns ajustes ortográficos, a tradução feita por Álvaro Pina a partir da edição alemã de 1890, prefaciada e anotada por Engels. O cotejo foi feito de forma minuciosa com as principais edições inglesa, francesa e italiana, confrontadas com duas edições brasileiras anteriores.
Além do Manifesto Comunista em si, o volume traz ainda a reflexão de seis especialistas sobre as múltiplas facetas desta que é, ainda hoje, a obra política mais lida e difundida em todo o mundo. Com organização de Osvaldo Coggiola, o livro tem ensaios de Antonio Labriola, Jean Jaurès, Leon Trotsky, Harold Laski, Lucien Martin e James Petras. A edição compila ainda sete Prefácios de Marx e Engels à obra, feitos em diferentes períodos.
O socialismo jurídico
Escrito seminal que desconstrói o socialismo jurídico, crucial no século XIX, confrontando o ilusório avanço por reformas legais. Destaca a urgência da revolução, revelando as raízes do direito no capitalismo. Crítica essencial ao pensamento reformista, enriquecida com cartas do líder revolucionário.
Planejado por Friedrich Engels e Karl Kautsky, o artigo "O socialismo jurídico" foi publicado sem assinatura na revista da social-democracia alemã, Neue Zeit, em 1887. O objetivo era dar uma resposta aos ataques à teoria econômica de Karl Marx, assim como elaborar uma crítica ao reformismo jurídico e combater a sua influência no movimento operário.
"À época da escrita deste livro, os reformistas, em combate às ideias revolucionárias de Marx, apontavam para uma transição controlada, objetivando ganhos por meio do aumento de direitos, sem transformar plenamente as contradições da exploração capitalista", afirma na orelha do livro o professor da Faculdade de Direito da USP, Alysson Leandro Mascaro, para quem O socialismo jurídico é uma das obras clássicas do marxismo sobre a relação entre o direito e o capitalismo.
"Engels e Kautsky dedicam esta obra justamente a combater o socialismo dos juristas - ou o socialismo por meio do direito. O direito é, irremediavelmente, uma forma do capitalismo. Assim sendo, é a revolução - e não a reforma por meio de instituições jurídicas - a única opção realmente transformadora das condições das classes trabalhadoras", conclui Mascaro.
O texto é também uma crítica ao livro O direito ao produto integral do trabalho historicamente exposto, do sociólogo e jurista burguês austríaco Anton Menger, publicado em 1886, e que vinha obtendo grande repercussão. Em tal obra, Menger tentou provar que a teoria econômica de Marx fora plagiada dos socialistas utópicos ingleses da escola ricardiana, especialmente William Thompson. Essas afirmações, bem como a falsificação da essência da teoria marxiana efetuada por Menger, não poderiam passar despercebidas a Engels, que decidiu interceder.
Além do artigo que dá Título ao livro, este volume agora publicado pela Boitempo - traduzido do alemão por Lívia Cotrim e Márcio Bilharinho Naves, filósofo do direito brasileiro e autor do livro Marxismo e direito: um estudo sobre Pachukanis (Boitempo) - traz ainda duas cartas de Engels a Laura Lafargue (filha de Marx) escritas em Londres, em 1886, que também tratam do tema.
Do socialismo utópico ao científico
Publicado originalmente em 1880, Do socialismo utópico ao socialismo científico é uma das obras fundamentais do marxismo e um dos textos mais acessíveis de Friedrich Engels. Escrito a partir de trechos de sua obra Anti-Dühring, o livro apresenta, de forma clara e contundente, a transição do pensamento socialista do século XIX das concepções idealistas e utópicas para uma abordagem materialista e científica da transformação social.
Esta edição traz a primeira tradução direta do alemão para o português brasileiro, preservando a precisão conceitual e o vigor do texto original. Além disso, inclui o prefácio de Karl Marx à edição francesa, também inédito no país – um documento crucial que reforça a importância deste ensaio na difusão das ideias socialistas.
Desde sua primeira publicação, Do socialismo utópico ao socialismo científico teve uma ampla circulação internacional, sendo rapidamente traduzido para diversas línguas. Engels o viu ser publicado em francês, inglês, italiano, espanhol, russo e outras línguas, tornando-se uma das introduções mais populares ao pensamento marxista, superando, nesse quesito, o Manifesto Comunista e O capital. Suas edições sucessivas acompanharam o crescimento dos movimentos operários ao longo dos séculos XIX e XX, consolidando-se como um dos textos mais lidos e reimpressos do socialismo. Seu impacto global reflete a clareza e a força argumentativa com que Engels expõe as bases do materialismo histórico e da concepção científica do socialismo.