Este livro foi escrito em um momento em que, ávidos por lucro, empresários de várias partes do mundo acorreram ao Brasil - visto então como um mercado com potencial de crescimento maior que o dos países ricos - para aqui construir suas fábricas automotivas. Com estardalhaço, previu-se que a capacidade de produção brasileira para o ano 2000 fosse de 2,8 milhões de veículos. Mas quem compraria esses carros num país onde os salários dos trabalhadores da indústria automobilística, mais bem pagos que os de outros setores, são quatro vezes inferiores aos dos países europeus?
Segundo o autor, Thomas Gounet, “o Brasil é uma ilustração da anarquia capitalista: quanto mais a crise se agrava, mais os empresários tentam recuperar, às custas dos trabalhadores, os lucros que perdem com a queda das vendas. Quanto mais o capitalismo avança, mais os empresários e seus servidores introduzem métodos sofisticados para aumentar a contribuição de cada trabalhador na criação de riqueza e reduzir a capacidade de resistência coletiva dos operários”.
A passagem do fordismo ao toyotismo, abordada de forma contundente por Gounet, se inscreve nesse esforço patronal. Esse livro auxilia na compreensão no “novo” ideário e da “nova” pragmática do capital em nossos dias.