O cientista político apresenta uma geopolítica do capitalismo uma síntese da geopolítica do desenvolvimento capitalista. O livro repercute a pesquisa de mais longo prazo do acadêmico, sobre as estratégias e as razões pelas quais esse sistema se desenvolveu; a conjuntura internacional; e as alternativas geopolíticas do desenvolvimento brasileiro.
Em uma profunda análise da história mundial por meio da ótica capitalista, Fiori aborda desde a Europa do século XII até a globalização dos dias atuais, passando pela formação das economias nacionais, as lutas pelo poder e as guerras europeias.
O livro é composto por 71 artigos que foram publicados na imprensa, precedidos por um denso Prefácio que, por um lado, expõe a trajetória e o arcabouço teórico da pesquisa acadêmica empreendida pelo autor e, por outro, explicita a escolha dos artigos e sua ordem de apresentação. Fiori analisa e compara o desenvolvimento econômico de vários países - principalmente as grandes potências mundiais e os países latino-americanos - e identifica suas características comuns relacionadas com sua posição internacional e com sua configuração de poder interno. A obra se encerra com um posfácio no qual, tendo em vista toda a reflexão, o autor fala do papel do Brasil no cenário internacional. Para facilitar a leitura, os textos foram agrupados em três blocos temáticos: o primeiro, sobre a história e a geopolítica do desenvolvimento capitalista; o segundo, sobre a conjuntura internacional e a crise contemporânea; e o terceiro, sobre a situação geopolítica e as escolhas estratégicas do Brasil na primeira metade do século XXI.
Uma das principais teses do cientista político, que serve de fio condutor e confere unidade à obra, diz respeito à questão do poder, que, segundo Fiori, vem antes e é muito mais ampla e complexa que a do Estado. Assim, a questão da “acumulação de poder” precederia logicamente a da “acumulação de capital” e a própria aparição histórica dos Estados. Ao mesmo tempo, Fiori defende a tese de que a formação dos “Estados-economias nacionais” é a marca e o grande motor do “milagre europeu”. Desse ponto de vista, segue-se que a economia capitalista está ligada de forma inextricável ao processo de acumulação de poder - e ao modo como isso aconteceu na Europa entre os séculos XII e XVI.
“Fiori propõe uma discussão renovada sobre os desafios da geopolítica e do desenvolvimento econômico a partir de uma perspectiva histórica que privilegia o poder como uma dimensão com lógica própria e determinante. Aqui, ‘poder’ não é sinônimo de Estado e, por isso, a análise de Fiori vai muito além do velho debate sobre a relação entre ‘Estado e mercado’ no desenvolvimento capitalista”, afirma, no texto da orelha, o professor José Gabriel Palma, da Faculdade de Economia da Universidade de Cambridge. “Este livro usa a geopolítica (mas não exclusivamente) como chave fundamental para a compreensão do sucesso do desenvolvimento econômico em alguns países, e de sua falência em tantos outros. E, apesar de não ter propósito normativo, considera que a direção estratégica dos Estados não está predeterminada, mas também não acontece por acaso, dependendo da luta permanente pelo poder dentro e fora de cada país. Nesse sentido, pode-se afirmar com toda certeza (e felizmente) que este livro é verdadeiramente herético com relação às visões ‘economicistas’ tradicionais do desenvolvimento e da história”, conclui Palma.
O estudo de José Luís Fiori é peça imprescindível para a compreensão da crise contemporânea do capitalismo e do papel do Cone Sul e, especialmente, do Brasil no tabuleiro geopolítico da atualidade. Voltando às origens do sistema capitalista e abordando suas novas formas de evolução, História, estratégia e desenvolvimento é, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre o passado e um olhar para o futuro.