A revista Margem Esquerda começa seu quarto ano de vida discutindo os dilemas da esquerda brasileira no último ano do governo Lula e diante de um novo ciclo eleitoral.
A questão é analisada sob vários ângulos e posições diferentes, desde aqueles que consideram que o PT se tornou mero gestor do neoliberalismo, como daqueles que defendem um resgate do projeto original do partido, considerando que a atual administração é um “espaço em disputa” e que o PT é ainda a melhor alternativa para acumular forças.
De Gilberto Maringoni, classificando a próxima disputa eleitoral como “rumo ao quinto governo Collor”, até uma defesa da vitalidade do partido, feita por Valter Pomar. Flávio Aguiar, Edmilson Costa e Ricardo Antunes completam o dossiê.
O debate sobre a crise de identidade da esquerda e suas eventuais rotas de superação segue no plano internacional, com uma análise de Emir Sader sobre as possibilidades abertas com Evo Morales na Bolívia, e de Marco Aurélio Santana sobre os protestos franceses contra as tentativas de precarização do emprego no país. José Luiz Fiori discute a desorientação da sinistra europeia em diversos países e as raízes desta crise, após uma sucessão de derrotas eleitorais e de divisões internas cada vez mais profundas.
Artigo de Afrânio Catani relembra o clima de terror dos anos 1970 por meio da memória de dois presos políticos: Luiz Roberto Salinas Fortes e Flávio Koutzii. Lincoln Secco trata de como a esquerda trabalha a questão da imagem da mulher.
O clássico desta edição é o ensaio "A teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista", de Theodor Adorno, nunca antes traduzido para o português, com um texto explicativo de José Leon Crochík, que situa este trabalho dentro da obra do pensador da escola de Frankfurt e da sua relação com a teoria do pai da psicanálise.
Nos comentários, temos a colaboração de Jean-Claude Bernardet, com uma crônica sobre o filme de Agnès Varda, cuja retrospectiva está programada pelo Centro Cultural do Banco do Brasil, em São Paulo, para o segundo semestre de 2006.
O artista Luiz Arthur Piza ilustra a revista com suas gravuras inspiradas em fatos jornalísticos, como as torturas na prisão de Abu-Ghraib e a violência nas cidades brasileiras. Margem Esquerda 7 traz ainda resenhas de João Bernardo e Marcos Soares, a seção Notas de Leitura e também uma homenagem a Apolônio de Carvalho, em texto de Jacob Gorender, sobre sua participação na Guerra Civil Espanhola.