Em O dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência, Mauro Iasi retoma uma das mais complexas e relevantes questões do mundo contemporâneo: a indagação das possibilidades reais de formação de um sentido de pertencimento de classe em um mundo marcado por diversas fragmentações, individualismos, estranhamentos, desencontros.
No texto do livro, Mauro Iasi dialoga com autores clássicos como Durkheim, Weber e Marx e polemiza com importantes autores contemporâneos. Isso porque o estudo, que aborda a questão da consciência na teoria sociológica, não se atém exclusivamente à análise no interior do campo de reflexão marxista sobre o tema. Sua discussão vai além, se desdobrando para outros campos, como a sociologia compreensiva (por isso incluindo autores como Foucault e Przeworski).
Abordando questões com rigor e coragem, Mauro Iasi supera as falsas polarizações e dicotomias que os estudos sobre consciência de classe converteram-se, principalmente nas ciências sociais e na história. Para o autor, o empreendimento mais complexo reside na busca das engrenagens teóricas capazes de possibilitar a apreensão tanto das formas de manifestação da consciência empírica e cotidiana das classes sociais como também os nexos mais abrangentes e totalizantes da ação coletiva.
Por tudo isso, O dilema de Hamlet é uma instigante contribuição ao estudo da consciência de classe, escrita de forma leve, mas carregando em si um conteúdo denso, original e ousado.