“Alfred Sohn-Rethel foi o primeiro a chamar a atenção para o fato de que na atividade universal e necessária do espírito, se esconde incondicionadamente trabalho social.” – Theodor W. Adorno
Qual a relação entre dinheiro e conhecimento? Nesta genealogia da separação entre trabalho intelectual e manual, Alfred Sohn-Rethel revela as afinidades estruturais e estruturantes entre as abstrações conceituais do pensamento ocidental e a forma mercadoria. Um dos principais textos da teoria marxista do pós-guerra, Trabalho intelectual e manual exerceu influência decisiva sobre os principais autores da chamada Escola de Frankfurt, como Theodor Adorno e Walter Benjamin.
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A explicação materialista histórica da origem da forma de conhecimento científico e seu desenvolvimento é, portanto, um dos campos que tornam necessária uma ampliação de escopo da teoria marxista. Outro motivo é a falta de uma teoria do trabalho intelectual e do trabalho manual, de sua separação histórica e das condições para uma possível unificação. Já na Crítica do programa de Gotha, Marx menciona, entre os pressupostos de uma “fase superior da sociedade comunista”, o desaparecimento da ‘subordinação escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho e, com ela, [d]a oposição entre trabalho intelectual e manual’. No entanto, não será possível entender as condições das quais depende o desaparecimento dessa oposição, sem antes descobrir as origens de sua formação histórica. A teoria marxista, contudo, não oferece nada para lidar com isso. De fato, a oposição entre trabalho intelectual a trabalho manual perpassa, de uma forma ou de outra, toda a história da sociedade de classes e da exploração econômica. Essa oposição e uma das manifestações da alienação, da qual vive a exploração, como a planta vive do nitrogênio. Ainda assim, não e nada evidente por que uma classe dominante, invariavelmente, tem sempre a disposição a forma especifica de trabalho intelectual de que necessita. Embora as raízes disso estejam obviamente ligadas a estrutura da dominação de classes, esse trabalho intelectual requer determinado grau mínimo de independência mental para ser útil a classe dominante. Além disso, os trabalhadores intelectuais, sejam sacerdotes, sejam filósofos ou cientistas, não são detentores nem principais beneficiários da dominação, a qual prestam sua contribuição indispensável. O caráter de conhecimento objetivo do trabalho intelectual, e mesmo o próprio conceito de verdade, surgem na história no curso da separação entre cabeça e mão, que, por sua vez, faz parte da divisão de classes na sociedade. A objetividade e a função de classe do conhecimento de tipo intelectual estão assim essencialmente ligadas e só podem ser compreendidas em sua conexão mutua. Mas quais são as implicações desse fato para a possibilidade de uma sociedade sem classes moderna, baseada em um alto grau de desenvolvimento tecnológico?".