Influenciada pelo Cinema Novo, a Tropicália inaugura, em 1967-1968, a era pós-moderna no Brasil. Toma para si os fundamentos de fragmentação lançados pelo filme Terra em transe, de Glauber Rocha, e faz deles matéria-prima para a sua própria revolução. Instala-se, a partir daí, uma época de turvamento entre estratos diversos da cultura, de certo obscurantismo cultural, de uma espécie de Nova Idade Média.
Neste livro, Pedro Alexandre Sanches analisa, sob uma ótica que se pretende diferenciada das habituais, as transformações provocadas pelo tropicalismo no cenário brasileiro. Ele analisa também o instinto de autoperpetuação que tomou daí por diante os protagonistas do “último dos movimentos”, criticando a ideia em voga de que depois do tropicalismo não haveria mais condições ou necessidade de novos movimentos. Essa seria, na visão do crítico, a máscara que vem garantindo há mais de trinta anos um círculo vicioso de hegemonia e, como efeito colateral, a inibição criativa de gerações musicais posteriores.
Mais que o samba ou o tropicalismo, são a música em geral e a música popular brasileira o objeto desta análise. Mais que elas, é o Brasil, sempre tão nitidamente representado pelas notas da escala musical, o alvo de Pedro Alexandre Sanches.