O livro do sociólogo Renato Ortiz expõe o mal-estar do universalismo ao refletir sobre a percepção do pluralismo, da diversidade e do relativismo cultural no contemporâneo. Para Ortiz, a “diversidade”, isto é, a forma como a pensamos e a discutimos hoje, pode ser considerada um emblema da globalização, que nos remete aos impasses e às incertezas do presente.
Na busca por respostas consensuais em relação aos problemas comuns - as guerras, a dominação tecnológica, a divisão das sociedades em civilizadas e bárbaras, o racismo -, nossas certezas em relação ao universalismo dos filósofos iluministas já não nos servem de guia. “As qualidades positivas, antes atribuídas ao universal, deslocam-se para o “pluralismo” da diversidade”, afirma o sociólogo.
Nesse sentido, o antagonismo entre o universal e o particular; o comum e as diferenças; vai muito além do meramente conceitual: caracteriza o “espírito de nosso tempo”. Ortiz se propõe a discutir em que sentido essas antinomias “falam” de nossa condição e a compreender o uso que a sociedade faz delas, como por exemplo, a forma como as empresas absorvem a questão da diversidade dentro do contexto de mercado, tema sobre o qual o sociólogo se debruça em um dos cinco ensaios que compõem o livro. Para fechar, no anexo “Imagens do Brasil”, perguntando-se acerca do sentido do debate a respeito da identidade nacional no mundo contemporâneo, o autor convida a uma reflexão muito original sobre as construções simbólicas da brasilidade.