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O que é identitarismo?
Autoria de Douglas Barros
Na última década, um termo tem se proliferado de maneira espantosa no discurso político. Moralmente carregado e lançado a torto e a direito em disputas de internet, mesas de bar, espaços acadêmicos e palanques políticos. Mas, afinal, o que é identitarismo? Neste livro, o psicanalista Douglas Barros propõe uma interpretação original do fenômeno. Para ele, o termo nomeia sobretudo uma forma de gestão da vida social contemporânea que engole esquerda e direita.

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Emblema maior do desaparecimento da Política (com p maiúsculo), o identitarismo é lido como um sintoma do século XXI. Implodindo a troca de acusações entre “identitários” e “anti-identitários”, Barros provoca: “o processo de identitarização da diferença se inicia com o colonialismo. É o colonizador europeu o primeiro identitário da história moderna.” Com um olhar da periferia do capitalismo sobre a colonização, Douglas revisita, pelo prisma da identidade, o surgimento e desmonte do sujeito, do Estado e do capitalismo modernos para jogar luz sobre os impasses da política contemporânea, marcada pela proliferação de bolhas identitárias, em que as pessoas se veem obrigadas a desenvolver identidades fragmentadas como resposta, mesmo que inconsciente, à quebra de laços sociais e o endurecimento do neoliberalismo nas relações econômicas.
 
Articulando filosofia, teoria social e psicanálise, Douglas apresenta uma análise que reconhece a necessidade histórica das lutas rotuladas como identitárias, sem perder de vista as disputas e capturas a que estão sujeitas no atual estágio de acumulação capitalista. Nos termos de Deivison Faustino, “uma valiosa contribuição a um debate novo, que pela primeira vez, encontra uma análise à altura.”

Trecho do livro

Na aurora da modernidade, a exploração de novos continentes faz emergir a noção racial como construção identificatória para gerir os territórios invadidos. Esse esforço administrativo nos remete ao complexo da diferença identitária, no qual a identidade (dos outros povos), no imaginário europeu, se torna fechada à processualidade histórica. É a coisificação da diferença inerente aos grupos humanos não europeus em relação a eles: os colonizadores, para justificar a dominação dos “novos” mundos, atribuem à diferença, identificada nas comunidades fora da Europa, uma ideia de inferioridade, e fazem dela a representação imaginária na qual a gestão se baseará. Sob a sombra dessa identificação, que precisava reduzir, através do conceito, a multiplicidade à unidade, a noção racial tornou-se o solo da modernidade. Não por acaso, o conceito de raça aparecerá só no século XV, como uma corruptela do latim rationis, e servirá para consolidar uma cisão entre grupos humanos distintos.”

Autoria de

Autoria de Douglas Barros
Capa de Matheus Rodrigues
Prefácio de Rita von Hunty
Texto de orelha de Deivison Faustino
Texto de quarta capa de Christian Dunker e Maíra Moreira Marcondes
Páginas: 208
Formato: 23cm x 16cm x 2cm
Peso: 270g
Ano Publicação: 2024
Encadernação: Brochura
ISBN: 9786557174142