Em Feminismo e política: uma Introdução, os cientistas políticos Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel discutem as principais contribuições da teoria política feminista produzida a partir dos anos 1980 e apresentam os termos em que os debates se colocam dentro do próprio feminismo, mapeando as posições de diferentes autoras e correntes. O resultado é um panorama inédito do feminismo atual, escrito de maneira a introduzir os leitores pouco familiarizados nas discussões, sem por isso reduzir sua complexidade.
Ao longo de dez capítulos, os autores abordam temas como a prostituição e o aborto, a representação política e a opressão sofrida pelas mulheres. Embasado em nomes reconhecidos da teoria feminista, como Carole Pateman e Nancy Fraser, Feminismo e política enriquece e amplia o debate sobre um dos movimentos mais discutidos na sociedade atual.”
Nos tempos sombrios em que alguns anunciam a morte do feminismo e outros esbravejam nada dever a essa corrente teórico-política, o livro de Luis Felipe Miguel e de Flávia Biroli aparece como um raio de sol”, afirma a pesquisadora Renata Gonçalves, da Universidade Federal de São Paulo. “Apontar as desigualdades ajuda a entender por que, apesar dos direitos conquistados nas últimas décadas, as mulheres permanecem “excluídas da política” e continuam a ser o grupo de maior vulnerabilidade”.
Nas lutas pelo voto feminino e pelo acesso das mulheres à educação, assim como na exigência de direitos iguais no casamento e do direito ao divórcio, do direito das mulheres à integridade física e a controlar sua capacidade reprodutiva, o feminismo pressionou os limites da ordem estabelecida. O livro mostra como o debate sobre a posição das mulheres nas sociedades contemporâneas abriu portas para questionar as categorias centrais por meio das quais é pensado o universo da política, tais como as noções de indivíduo, de espaço público, de autonomia, de igualdade, de justiça e de democracia. “As relações de gênero atravessam toda a sociedade, e seus sentidos e seus efeitos não estão restritos às mulheres. O gênero é, assim, um dos eixos centrais que organizam nossas experiências no mundo social. Onde há desigualdades que atendem a padrões de gênero, ficam definidas também as posições relativas de mulheres e de homens - ainda que o gênero não o faça isoladamente, mas numa vinculação significativa com classe, raça e sexualidade”, escrevem os autores na Introdução do livro.