Contra a extrema direita, resgatar as contribuições de Lênin
Imagem: WikiCommons.
Por Sâmia Bomfim
Esquerdismo, doença infantil do comunismo é um livro fundamental para quem busca compreender a combinação dialética entre tática e estratégia. Vladímir Lênin apresenta um debate fundamental com os delegados do II Congresso da Terceira Internacional, em 1920, no qual critica as tendências sectárias e esquerdistas da época. Lênin combateu tanto o reformismo daqueles que não têm o horizonte revolucionário como objetivo quanto o dogmatismo dos que se recusam a calibrar seus passos por meio, por exemplo, de acordos, recuos e movimentos mais amplos, capazes de acumular forças para o avanço da consciência e da organização do movimento de massas em direção à revolução socialista.
A partir de exemplos concretos, como o da derrotada Revolução Alemã e da vitoriosa Revolução Russa, Lênin argumenta que os socialistas devem ser firmes na estratégia e flexíveis na tática, evitando, assim, o isolamento e a derrota. A experiência do Partido Bolchevique é, nesse sentido, crucial para compreender a importância da combinação entre tática e estratégia. Seja no “Ensaio Geral” de 1905, na construção dos sovietes ou nos caminhos trilhados entre fevereiro e outubro de 1917, a atuação bolchevique evidencia como um partido forte, centralizado e disciplinado precisa articular sua prática com as condições objetivas para conquistar o poder.
Em um mundo marcado por crises econômicas, sociais e ambientais, além do crescimento da extrema direita, torna-se imprescindível resgatar as contribuições de Lênin. Somente assim o interesse renovado pelas ideias socialistas pode se traduzir em formação militante, organização e luta, articulando um horizonte revolucionário com ações concretas e imediatas.
Oitavo volume da coleção Arsenal Lênin, publicada pela Boitempo com apoio da Fundação Maurício Grabois, Esquerdismo, doença infantil do comunismo é um ensaio publicado pela primeira vez em 1920 e escrito às vésperas do II Congresso da Internacional Comunista. Na obra, Lênin aborda diretrizes para o futuro da Revolução e critica o que chama de “esquerdismo”, tendência dogmática de alianças e transição linear para o comunismo, defendida por várias tendências de partidos comunistas europeus e repudiada pelo autor. A obra conta também com o anexo “Sobre a doença infantil do ‘esquerdismo’ e o espírito pequeno-burguês”, texto de 1918 escrito para o jornal Pravda que antecipa a argumentação de Lênin sobre o assunto.

A guerra civil travada na Rússia após 1917 e o fim da Primeira Guerra Mundial marcavam o cenário conturbado da época. Na esteira da criação da Terceira Internacional, a obra tornou-se um guia para as forças políticas que aspiravam fazer parte do grupo. Lênin aborda em que condições se deve ou não fazer alianças, a participação nos parlamentos burgueses e os acordos possíveis com as mais variadas tendências políticas.
Com tradução direta do russo, Esquerdismo, doença infantil do comunismo é uma leitura que enriquece o debate atual sobre alianças pragmáticas. Há passagens na obra em que Lênin aborda a instabilidade dos sentimentos de revolta e como isso pode sucumbir em um cenário totalmente oposto, como foi o caso do fascismo na Itália, que se consolidou na década de 1920: “O pequeno burguês ‘enfurecido’ pelos horrores do capitalismo é, tal como o anarquismo, um fenômeno social característico de todos os países capitalistas. A instabilidade desse revolucionarismo, a sua esterilidade, a característica de se transformar rapidamente em submissão, em apatia, em fantasia, mesmo num entusiasmo ‘furioso’ por uma ou outra corrente burguesa ‘da moda’ – tudo isso é de conhecimento geral”.
🚀Assine até o Armas da crítica até o dia 15 de janeiro e receba:
📕 Um exemplar de Esquerdismo, doença infantil do comunismo, de Vladímir I. Lênin em versão impressa e e-book
📙Livreto + cartão postal
🔖 Marcador + adesivo
📰 Guia de leitura multimídia no Blog da Boitempo
📺 Vídeo antecipado na TV Boitempo
🛒 30% de desconto em nossa loja virtual
🔥 Benefícios com parceiros do clube
***
Sâmia Bomfim é deputada federal, reeleita em 2022 pelo PSOL São Paulo.
Deixe um comentário