Centenário da Coluna Prestes: a coluna hoje

"O centenário da Coluna Prestes constitui uma oportunidade especial para o resgate dessa página heroica da nossa História, o que certamente será inspirador para os jovens latino-americanos de hoje em luta contra a dominação imperialista de nossos povos, por justiça social e democracia para as grandes massas populares e, em última instância pelo socialismo — a única solução verdadeira e radical para os graves problemas em que vive o continente latino-americano."

Foto: Wikimedia Commons.

 Por Anita Leocadia Prestes

                                        

Ao incorporar-se às comemorações nacionais do centenário da Coluna Prestes, formada no final de 1924 no Noroeste do estado do Rio Grande do Sul (Prestes, 2024), a UNILA resgata o centenário da chegada dessa Coluna, encabeçada por Luiz Carlos Prestes — também conhecida como “Invicta” — à Foz do Iguaçu, em abril de 1925.  

O combate às versões pós-modernas (irracionalistas) e anticomunistas da história da Coluna Prestes

A história da Coluna Prestes foi e continua sendo deturpada e falsificada desde que Prestes se tornou comunista. A adesão do então celebrado “Cavaleiro da Esperança”, com o seu “Manifesto de Maio” de 1930, à proposta da “revolução agrária e anti-imperialista” adotada pelo Partido Comunista provocou a condenação generalizada de Prestes na opinião pública nacional, abrindo caminho para as crescentes investidas de caráter anticomunista contra ele. 

Algumas das principais lideranças do movimento tenentista, entre as quais se destacavam ex-comandantes da Coluna Prestes — como por exemplo Juarez Távora — passaram não só a repudiar as posições de Prestes, mas também a silenciar, desfigurar e/ou falsificar sua atuação anterior durante a Marcha pelo Brasil. As classes dominantes do país jamais perdoariam Prestes por sua recusa a compactuar com os donos do poder — esta era a aposta dos setores oligárquicos de oposição em 1930 — e seu posicionamento junto aos trabalhadores, explorados e oprimidos, e sua consequente adesão ao Partido Comunista.  

Desde então, tornaram-se comuns as repetidas deturpações e falsificações das ideias defendidas por Prestes e de suas atitudes e posicionamentos políticos. Da mesma forma, quando era conveniente aos interesses dominantes, apelava-se para o silenciamento da vida e da obra de Luiz Carlos Prestes na História do Brasil do século XX. Por trás dessa estratégia consubstanciada na História Oficial — elaborada, segundo A. Gramsci, pelos “intelectuais orgânicos” das classes dominantes —, encontramos a luta ideológica contra o “comunismo”, um fantasma produzido para justificar o combate às ideias e às atitudes contestadoras e/ou contrárias aos interesses dos donos do poder. 

Principalmente a partir dos insucessos, durante o ano de 1968, dos movimentos generalizados de rebeldia em vários lugares do mundo, verificamos na intelectualidade acadêmica, nas palavras de Eric Hobsbawm, o “crescente ceticismo concernente ao projeto iluminista de racionalidade” (Hobsbawm, 1998, p. 286), ou seja, um significativo avanço das correntes irracionalistas (Cardoso, 1988), frequentemente denominadas “pós-modernas”.  

Ciro Flamarion Cardoso, com base em trabalhos de autoria do marxista inglês Alex Callinicos, ao examinar “a origem do avanço do paradigma pós-moderno, progressivamente visível ao longo do período 1968-1969”, destaca que o pós-modernismo seria o resultado da:

“trajetória pessoal de intelectuais que podem ser considerados da ‘geração de 1968’ no decorrer da década de 1970: de portadores de esperanças revolucionárias desiludidas, muitos deles passaram ao abandono da crença na possibilidade de uma transformação social global; daí, ao apoio entusiástico a movimentos parcializados de luta ou reivindicação (feminismo, regionalismo, movimento gay, ecologismo, movimento negro etc.), associado a um ‘frentismo’ mal-explicado; vários indo além, desembocaram por fim na social-democracia, no neoconservadorismo ou no neoliberalismo. Tal processo ocorreu tanto no Ocidente quanto no antigo bloco socialista, mesmo antes de 1989 (…)” (Cardoso, 1977, p. 17).

Hobsbawm afirma que o chamado pós-modernismo “é profundamente relativista. Se não há nenhuma distinção clara entre o que é verdadeiro e o que sentimos ser verdadeiro, então minha própria construção da realidade é tão boa quanto a sua ou a de outrem, pois ‘o discurso é o produtor desse mundo, não o espelho’” (Hobsbawm, 1998, p. 286). 

Em contraposição às concepções pós-modernas, segundo as quais todas as narrativas seriam válidas, Hobsbawm afirma como essencial que “os historiadores defendam o fundamento de sua disciplina: a supremacia da evidência” (idem), acrescentando que “se a história é uma arte imaginativa, é uma arte que não inventa mas organiza objets trouvés” (ibidem, p. 287). 

Ainda segundo Hobsbawm, “insistir na supremacia da evidência e na importância central da distinção entre fato histórico verificável e ficção é apenas uma das maneiras de exercer a responsabilidade do historiador”, destacando que “durante muito tempo, a desconstrução de mitos políticos ou sociais disfarçados como história foi parte das obrigações profissionais do historiador, independente de suas simpatias” e “a crítica cética do anacronismo histórico provavelmente é hoje a principal maneira pela qual os historiadores podem demonstrar sua responsabilidade pública” (ibidem, p. 288). 

Ao concordarmos com Eric Hobsbawm quando afirma que “o problema para os historiadores profissionais é que seu objeto tem importantes funções sociais e políticas” e que “a diferença entre fato histórico e falsidade não é ideológica”, assim como “a verificabilidade histórica de afirmações políticas ou ideológicas pode ser de importância vital, se a historicidade for a base essencial de tais afirmações” (ibidem, p. 284, 287), percebemos a importância dessas concepções para a pesquisa das narrativas sobre Luiz Carlos Prestes. 

A influência crescente das correntes pós-modernas entre historiadores, cientistas sociais e jornalistas tem contribuído, de maneira muitas vezes inconsciente, para que em seus escritos a vida e a obra de Prestes seja narrada em versões inventadas, mentirosas, falsificadas e distantes da realidade dos fatos, ou seja, das evidências, que teriam deixado de ter qualquer significado segundo as concepções irracionalistas (que passaram a ser denominadas pós-modernas).  

O reconhecimento do referido papel das correntes irracionalistas no reforço ao tradicional anticomunismo na sociedade brasileira constitui a comprovação incisiva de que na atualidade a principal forma da luta de classes é a luta ideológica ou, em outras palavras, o embate entre as concepções convenientes à defesa dos interesses da burguesia e as aspirações e os ideais dos combatentes por justiça social e democracia para os explorados e desprotegidos na sociedade capitalista. O conflito entre capital e trabalho não desapareceu; adquiriu novas formas. As concepções pós-modernas contribuem para reforçar o poder do capital.  

O tenentismo – fruto da crise da Primeira República

Na década de 1920, frente à crise da Primeira República, na inexistência de outras forças políticas em condições de assumir o combate ao sistema oligárquico então dominante, coube à juventude militar da época — os chamados “tenentes” — assumir a liderança do movimento oposicionista em formação (Prestes, 2024). A conspiração tenentista, iniciada ainda em 1921, resultou nos levantes de 1922, no Rio de Janeiro, e de 1924, em São Paulo, cujo objetivo era, primeiro, impedir a posse de Artur Bernardes na presidência da República e, uma vez derrotados, derrubar esse legítimo representante do poder oligárquico. O programa liberal dos “tenentes”, cuja demanda principal era o voto secreto, não contemplava, contudo, as múltiplas reivindicações sociais da época.  

Diferentemente do que é afirmado em grande parte da historiografia, o movimento tenentista contou com importante apoio e participação de forças políticas civis de oposição. Esse foi o caso da Campanha da Reação Republicana, com a candidatura de Nilo Peçanha à eleição presidencial de março de 1922, assim como a aliança dos “tenentes” com Joaquim Francisco de Assis Brasil, liderança dos federalistas (os “maragatos”) do estado do Rio Grande do Sul. Afirmar que o tenentismo teria sido um movimento militarista é uma falsificação histórica; pesquisa por mim realizada pôde comprovar a participação dos “tenentes” na Campanha da Reação Republicana, propiciando o nascimento do chamado movimento tenentista (Prestes, 1994). 

A Coluna Prestes – episódio culminante do tenentismo

Após a derrota e a partida para o oeste do estado do Paraná dos participantes do levante de julho de 1924 em São Paulo, sob o comando do general da reserva Isidoro Dias Lopes e do major Miguel Costa da Força Pública do Estado de São Paulo, acelerou-se a conspiração tenentista no Rio Grande do Sul. O capitão Luiz Carlos Prestes — que servia no 1º Batalhão Ferroviário (1ºBF) da cidade de Santo Ângelo, no noroeste rio-grandense —, seria uma das lideranças mais destacadas do movimento, contando com a colaboração estreita do tenente Mário Portela Fagundes, também do 1ºBF. Após o levante deflagrado em 28 de outubro de 1924, os efetivos tenentistas, de cerca de 1.500 homens e 30 mulheres, incluindo alguns “maragatos”, com pouco armamento e munição insuficiente, resistiram na cidade de São Luís Gonzaga ao cerco governista — constituído por 7 colunas de 2 mil homens cada — até os últimos dias de dezembro de 1924. Era o chamado “anel de ferro” (Prestes, 2024).

Nesse momento crucial para o movimento tenentista, dada a inferioridade numérica e de armamento dos rebeldes, Prestes adotou uma iniciativa inovadora: a tática que ficou conhecida como “guerra de movimento”, e consistia em deslocar-se com grande rapidez, mantendo contato com o inimigo para assim conhecer seus movimentos e persegui-lo com eficácia. Sua aplicação tornou-se possível devido aos pequenos grupos de combatentes — as “potreadas” —, que se afastavam do grosso da tropa rebelde para garantir tanto seu abastecimento quanto informações sobre o relevo geográfico local e, em especial, sobre os movimentos do inimigo. Tais informações eram primordiais para os comandantes rebeldes; as “potreadas” foram os olhos da Coluna Prestes, desde então em formação.  

Mobilidade e surpresa constituíram dois aspectos da “guerra de movimento” que garantiram aos rebeldes o rompimento do cerco de São Luís Gonzaga, a formação da Coluna Prestes e, a partir do dia 27 dezembro de 1924, sua marcha exitosa ao encontro dos combatentes de São Paulo, acantonados no oeste do Paraná. Foram comandantes da Coluna Prestes, ainda no Rio Grande do Sul, Luiz Carlos Prestes, Mário Portela Fagundes, Antônio Siqueira Campos, João Alberto Lins de Barros, Osvaldo Cordeiro de Farias. 

Em abril de 1925, quando a Coluna Prestes, após enfrentar a intensa perseguição dos legalistas mobilizados por Artur Bernardes e Borges de Medeiros (governador do estado do Rio Grande do Sul), chegou ao Paraná, encontrou os rebeldes paulistas, em grande parte, dispostos a desistir da resistência que vinham mantendo e partir para o exílio. Derrotados em Catanduvas pelo general Cândido Rondon, a serviço do governo de Bernardes, os remanescentes desse combate mostravam-se descrentes na possibilidade de dar continuidade à luta que até então tinham travado. 

Em reunião da oficialidade rebelde paulista na cidade de Foz de Iguaçu, Luiz Carlos Prestes, que chegara à frente da Coluna Prestes vitoriosa, declarou que seus soldados não iriam para o exílio, pretendiam atravessar o rio Paraná e dar continuidade à Marcha pelo Brasil. Após a desistência de uma parte considerável da oficialidade paulista, houve a incorporação do grosso dos combatentes de São Paulo, sob o comando do major Miguel Costa, à Coluna Prestes. Nessa ocasião, após a reorganização geral das tropas rebeldes, Miguel Costa foi promovido a general e escolhido comandante da Coluna; Luiz Carlos Prestes, promovido a coronel, chefe do Estado-Maior; e Juarez Távora, também promovido a coronel, subchefe do Estado-maior.  

Foz de Iguaçu constitui um momento importante na História da Coluna Prestes, pois foi a partir dessa região que se deu a continuidade da sua Marcha pelo Brasil, iniciada ainda no Rio Grande do Sul. Após realizar a travessia do rio Paraná, considerado uma barreira intransponível pelos governistas, a Coluna percorreu um trecho do Paraguai, país vizinho, ingressando no estado de Mato Grosso em 3 de maio de 1925. 

Ao pesquisar as evidências existentes sobre a reunião de Prestes com a oficialidade paulista em Foz de Iguaçu, verifiquei que constitui falsificação histórica a versão, amplamente difundida pela História Oficial, segundo a qual no Paraná teria sido formada a Coluna que poderia, então, ser denominada Miguel Costa – Prestes. Falsificação que, como inúmeras outras, visa diminuir, desprezar ou silenciar o papel de Prestes nesses acontecimentos. Trata-se de mais uma concessão ao irracionalismo e ao anticomunismo (Prestes, 2024).

Foram cerca de 25 mil quilômetros de Marcha de Sul a Norte e de Leste a Oeste do Brasil, atravessando 13 estados em 2 anos e 3 meses, sem sofrer derrota alguma, sempre vitoriosa, enfrentando 53 combates com tropas governistas de efetivos muito superiores aos dos rebeldes, que nunca ultrapassaram mil e quinhentos, incluindo 50 mulheres.  

Essa epopeia brasileira, que derrotou 18 generais do Exército brasileiro, deve seu sucesso à adoção da tática da “guerra de movimento”, elaborada por Luiz Carlos Prestes, e ao heroísmo dos seus combatentes, em sua maioria homens e mulheres de origem popular, empenhados na derrubada de Artur Bernardes, então presidente da República, entendendo que assim lutavam por liberdade e justiça. Na impossibilidade de marchar sobre o Rio de Janeiro, à época capital da República, a Coluna, sempre perseguida pelas tropas do governo, emigrou para a Bolívia, sem depor as armas. Afirmar que a Coluna Prestes foi derrotada é mais uma falsificação histórica bastante repetida nos textos conhecidos. Como escreveu Lourenço Moreira Lima, que fez o registro da marcha da Coluna Prestes: “Não vencemos, mas não fomos vencidos” (Moreira Lima, 1979, p. 500). 

Outra falsificação muito difundida sobre a Coluna Prestes é a afirmação de que os rebeldes teriam cometido violência e abusos de todo tipo contra as populações das regiões por onde passaram no interior do país. Embora não se possa negar que houve casos isolados de transgressões do comportamento exigido do combatente da Coluna, elas foram sempre severamente punidas pelo Comando da Marcha. As evidências existentes revelam o respeito com que os rebeldes da Coluna Prestes trataram os homens, mulheres e crianças que encontraram durante seu longo caminhar (Idem; Prestes, 2024).

A Coluna Prestes – fator decisivo na derrubada da Primeira República

A Coluna Prestes — episódio culminante do tenentismo —, ao emigrar para a Bolívia sem ter sido derrotada pelos governos oligárquicos de Artur Bernardes e de seu sucessor, Washington Luís, adquirira enorme repercussão nos meios políticos do país. No final dos anos 1920, com o agravamento da crise que abalava as estruturas da Primeira República, os grupos oligárquicos contrários ao poder monolítico das oligarquias cafeeiras de São Paulo e Minas Gerais passaram a apostar na composição de uma chapa de oposição à sucessão presidencial prevista para março de 1930. Em junho de 1929 foi formada a Aliança Liberal com os nomes de Getúlio Vargas (Rio Grande do Sul) e João Pessoa (Paraíba) para presidente e vice-presidente. Ao mesmo tempo, apostava-se no apoio dos “tenentes”, principalmente se contava em atrair Luiz Carlos Prestes, o “Cavaleiro da Esperança”, e utilizar a legenda da Coluna Prestes. 

Embora Prestes insistisse em desmentir qualquer apoio seu à Aliança Liberal, a campanha eleitoral oposicionista foi realizada utilizando as bandeiras da Coluna Prestes e o nome do “Cavaleiro da Esperança”. As limitações dos meios de comunicação da época e o boicote dos “tenentes”, em sua maioria favoráveis à participação na Aliança Liberal, dificultaram que as posições de Prestes, exilado na Argentina, chegassem ao público brasileiro. Com a derrota eleitoral, as forças políticas de oposição apostaram no movimento armado que, contando com o apoio e a participação dos “tenentes”, levou Getúlio Vargas ao poder em outubro de 1930. 

Durante a Marcha da Coluna pelo interior do Brasil, Luiz Carlos Prestes ficara impressionado e indignado com a miséria das populações rurais do país, percebendo que o programa liberal adotado pelos “tenentes” não seria solução para os graves problemas sociais que ele verificara. Esta foi uma das principais razões para propor o encerramento da Marcha e partir para o exílio, onde Prestes pretendia estudar para encontrar tal solução. Na Argentina, a partir de 1928, Prestes aproxima-se dos comunistas latino-americanos e estuda com afinco o marxismo, teoria social em que encontra a resposta que tanto buscava. O Manifesto de Maio de 1930 consagra a ruptura de Prestes com o tenentismo e a sua opção pelo marxismo e o comunismo, embora isso não seja declarado explicitamente. 

Até então o grande prestígio político de Prestes no país lhe garantira a possibilidade de participar da coligação oposicionista vencedora em 1930, alternativa por ele rejeitada por compreender que inexistiam na sociedade brasileira forças populares organizadas e mobilizadas para apoiá-lo nas medidas revolucionárias que defendia. Caso aceitasse o poder nessas condições, se tornaria refém dos grupos oligárquicos vencedores. A ruptura definitiva de Prestes com as classes dominantes foi um gesto imperdoável para quem contava com a utilização do seu prestígio na defesa de interesses exclusivistas e antipopulares. 

Na História Oficial, quando lemos sobre o posicionamento de Luiz Carlos Prestes diante da Aliança Liberal e do movimento armado de 1930, encontramos narrativas que, ao condenar sem qualquer explicação aceitável sua recusa a apoiar os chamados “revolucionários de 30” e/ou aderir aos ataques da propaganda anticomunista, revelam as opções irracionalistas e pós-modernas que são adotadas como recurso para consagrar falsificações históricas. 

Considerações finais

O centenário da Coluna Prestes constitui uma oportunidade especial para o resgate dessa página heroica da nossa História, o que certamente será inspirador para os jovens latino-americanos de hoje em luta contra a dominação imperialista de nossos povos, por justiça social e democracia para as grandes massas populares e, em última instância pelo socialismo — a única solução verdadeira e radical para os graves problemas em que vive o continente latino-americano.

* Este texto é uma versão resumida da fala de Anita Leocadia Prestes no Ciclo de Debates sobre o Centenário da Coluna Prestes em Foz do Iguaçu, realizado entre 8 e 10 de maio de 2025, no Campus Integração da Universidade Federal da Integração Latino-Americana.

Referências

CARDOSO, Ciro Flamarion. Ensaios racionalistas. Rio de Janeiro, Campus, 1988. 

CARDOSO, Ciro Flamarion, História e paradigmas rivais, in CARDOSO, C. F. e VAINFAS, R. Domínios da História. Rio de Janeiro, Campus, 1977. 

HOBSBAWM, Eric. Não basta a história de identidade, in HOBSBAWM, Eric. Sobre a História. São Paulo, Companhia das Letras, 1998. 

MOREIRA LIMA, Lourenço. A Coluna Prestes: marchas e combates. 3ª ed. São Paulo, Alfa-Omega, 1979. 

PRESTES, Anita Leocadia. A Coluna Prestes. 5ª ed. São Paulo, Boitempo, 2024. 

PRESTES, Anita Leocadia. Os militares e a Reação Republicana: as origens do tenentismo. Petrópolis (RJ), Vozes,1994.

VITOR, Amilcar Guidolim. Militares e maragatos em armas: as revoltas tenentistas de 1924 e a formação da Coluna Prestes no Rio Grande do Sul. Ipiranga, Schreiben, 2022. 


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Anita Leocadia Benario Prestes  é doutora em História Social pela UFF, professora do Programa de Pós-graduação em História Comparada (UFRJ) e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes. Autora da ambiciosa biografia política Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro (Boitempo, 2015), dos livros Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo (Boitempo, 2017), Viver é tomar partido: memórias (Boitempo, 2019), em que narra sua extraordinária trajetória de vida, militância e pensamento e A coluna prestes (Boitempo, 2024). Assina também o artigo “Luiz Carlos Prestes e a luta pela democratização da vida nacional após a anistia de 1979”, publicado no livro Ditadura: o que resta da transição? (Boitempo, 2014), organizado por Milton Pinheiro.


A coluna prestes, de Anita Leocadia Prestes
Em comemoração aos cem anos da Coluna Prestes (que durou de 1924 a 1927), a Boitempo relança a obra de Anita Leocadia Prestes sobre o assunto. Fruto da tese de doutorado da autora defendida em 1989 na Universidade Federal Fluminense (UFF), o livro é a mais completa obra de pesquisa e reconstrução sintética sobre a Coluna, apoiada em sólida formação teórica e aparato documental em grande parte inédito à época de sua primeira edição.

Dividida em três partes, a obra começa com um panorama da sociedade na época, ainda com resquícios do sistema escravocrata e caminhando para um maior desenvolvimento capitalista, em meio a uma crise econômica, política e social. A segunda parte aborda a marcha da Coluna, numa narrativa enriquecida por diversos depoimentos, entre os quais o de Luiz Carlos Prestes, pai da autora. Nela, Anita Prestes busca responder à questão central de como uma força armada com parco aparelhamento bélico e dotado de poucos recursos nunca foi derrotada. Já na parte final, é tratado o relacionamento da Coluna com as populações urbanas e rurais e as forças políticas da época.

“Anita conseguiu enveredar pelo difícil caminho da fonte oral – o herói invencível a relatar sua própria história – e saiu-se com rara felicidade dessa empreitada, demonstrando notável isenção como observadora do seu fato histórico e superando a ligação afetiva com aquele que era, ao mesmo tempo, o principal ator e a fonte fundamental de seu relato. Eis o primeiro e não menos importante mérito do trabalho, isto é, não cair na armadilha de seu próprio método”, escreve Maria Yedda Leite Linhares no prefácio.


Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro, de Anita Leocadia Prestes
A vida do revolucionário brasileiro cuja saga no movimento tenentista e na resistência antifascista contra Getúlio Vargas marcaram época. A autora, filha de Prestes e historiadora, oferece uma biografia política envolvente, embasada em metodologia marxista e documentação extensa.

Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo, de Anita Leocadia Prestes
A resistência e coragem da revolucionária Olga Benario Prestes nesta narrativa biográfica. Baseada em documentos inéditos da Gestapo, conta a jornada da jovem comunista desde sua luta política até sua execução nos campos nazistas. Amor, resistência e silêncio frente à brutalidade do Terceiro Reich.

Viver é tomar partido, de Anita Leocadia Prestes
Memórias marcantes entrelaçadas à história do comunismo no Brasil e no mundo. Um relato pessoal de lutas e perseguições, destacando o papel fundamental de mulheres na política radical. Leitura sensível e essencial para compreender a resistência contra a lógica capitalista.

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