A reforma agrária é um instrumento de transformação social

Imagem: WikiCommons.
Por Gilmar Mauro
A reforma agrária não é apenas uma política de redistribuição de terras, mas um instrumento para transformar a estrutura agrária, “salvar” o planeta e assegurar a dignidade de milhares de famílias camponesas. Já a agroecologia, por sua vez, rompe a lógica do agronegócio – centrada na monocultura, no uso intensivo de agrotóxicos e na mercantilização da terra – e a substitui por práticas sustentáveis que respeitam os ciclos naturais e promovem a diversidade. Mais que uma técnica de produção, trata-se de uma forma de vida que valoriza o conhecimento tradicional das pessoas do campo e estabelece uma relação equilibrada entre os seres humanos e toda a biodiversidade.
Se a luta pela reforma agrária é também uma luta por democracia – pois por meio dela se constrói uma sociedade mais igualitária e com maior justiça ambiental –, a transição agroecológica representa uma proposta concreta de transformação social que beneficia aqueles que dela estão excluídos.
A reforma agrária popular e a agroecologia funcionam, ambas, como pilares para a construção de um novo modo de produção, numa luta que transcende o universo do campo e impacta diretamente as cidades, uma vez que uma sociedade justa e sustentável depende de um campo vivo e produtivo. Esse é um caminho para superar uma nova relação entre terra, trabalho e meio ambiente. Em realidade, podemos alimentar toda a humanidade de forma agroecológica; é necessário, porém, instituir outra cultura alimentar e novos meios tecnológicos, além de romper com a concentração e a centralização das riquezas e transformar todos os recursos naturais em patrimônio da humanidade.
Juntando essas ideias, Henrique Tahan Novaes faz neste livro uma crítica corrosiva à chamada “revolução verde”, demonstra os malefícios sociais e ambientais da “industrialização da agricultura” e identifica as alternativas criadas pelos movimentos sociais. Ele analisa, por exemplo, as escolas de agroecologia do MST, que já mostraram para a classe trabalhadora que é possível organizar a educação em outros moldes – em suas palavras, inspiradas por István Mészáros, uma “educação para além do capital”.
Dentro dos marcos do capitalismo, a agroecologia alcançou seu limite – e isso nos indica que, sem uma reforma agrária popular, não haverá transição agroecológica mais substantiva. A humanidade não pode mais esperar. Viva a agroecologia! Viva a educação anticapital!

A educação ambiental anticapitalista: produção destrutiva, trabalho associativo e agroecologia, nova obra do educador Henrique Tahan Novaes, apresenta as ideias mais importantes sobre agroecologia, produção associada, ecossocialismo e pedagogia socialista no Brasil e no mundo, juntamente com práticas de movimentos sociais, enfatizando o trabalho do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST.
Com uma visão abrangente, Novaes explora diferentes práticas ecorrevolucionárias, aborda os cercamentos de terra ocorridos ao longo do século XX e XXI, traz como referência autores importantes como Karl Marx e István Mészáros e entrelaça a importância da educação agroecológica em um processo de transformação da sociedade: “A síntese resultante é única em sua fundamentação na luta pela própria terra, combinada com uma visão ampla da mudança ecológica e social revolucionária”, escreve John Bellamy Foster no prefácio da obra.
“A partir dos ensinamentos de István Mészáros, temos tentado teorizar uma alternativa radical e abrangente, para além do capital, baseada na democracia dos conselhos e na educação revolucionária, que ele chama de ‘educação para além do capital’. Essa teoria emerge de experiências históricas clássicas e mais recentes, como parte da compreensão do mundo do trabalho associado e das experiências educativas dos movimentos sociais recentes e históricos: suas conquistas, contradições e limites, tendo em vista a construção de uma sociedade dos produtores livremente associados”, aponta Novaes.
“Ao articular a crise do capital e as formas atuais de socialismo comunal, a partir de Mészáros, Henrique Tahan Novaes contribui para o resgate das utopias socialistas, igualitaristas e coletivistas modeladoras dos processos de ruptura nos últimos dois séculos e inscritas nos conflitos sociais do tempo presente, especialmente por meio da agroecologia, da cooperação e da educação para além do capital.”
— Maurício Sardá de Faria
“Este livro atualiza debates marxistas sobre a questão ambiental e apresenta os desafios do MST na construção de uma transição agroecológica que enfrente as barbáries de nosso tempo.”
— Fabiana Scoleso
“Em um país talhado por séculos de escravização e expropriação, este livro é uma real contribuição sobre o trabalho no campo. Aqui o autor recupera o conceito vital de trabalho associado (Marx), que, por ser coletivo e social é o único capaz de efetivamente demolir o edifício do capital.”
— Ricardo Antunes

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Gilmar Mauro é cientista social e integra a Coordenação Nacional do MST.
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