Uma esfinge a desvendar: conheça a Biblioteca Lukács e se aprofunde na obra do marxista húngaro com descontos e brindes exclusivos

Em 4 de junho de 1971, há exatos 54 anos, falecia o filósofo e crítico literário György Lukács. Debilitado por uma doença terminal, mas ainda em plena atividade intelectual, seus estudos estiveram relacionados à estética e aos princípios humanizadores da atividade artística, ao esforço de “renascimento do marxismo”, além de elaborações com campo da ética. Nas palavras do professor José Paulo Netto, autor de Lukács: uma introdução:
Desde muito jovem relacionado a círculos intelectuais importantes do século XX, ele permaneceu sempre, de fato, um outsider, às vezes incompreendido, às vezes com seu pensamento intencionalmente deformado por não poucos detratores. […] Tudo isso faz com que a obra lukacsiana, mesmo reconhecida como a mais ambiciosa arquitetura teórica do marxismo posterior a Lênin, continue a se mostrar como uma esfinge para o leitor comum.”
A fim de ajudar a decifrá-la, a Boitempo oferece até 30% de desconto em livros do autor ou sobre seu pensamento. Além disso, na compra de qualquer item promocional, ganhe um livreto com o texto “O que é Goethe para nós hoje?” (limitado a um brinde por pedido). A promoção é válida entre 4 e 30 de junho de 2025, ou enquanto durarem nossos estoques. Acesse nosso site para a lista completa de obras selecionadas:
Confira abaixo as nossas indicações de leitura e aproveite conteúdos gratuitos para conhecer Lukács e aprofundar seus estudos.
UM PONTO DE PARTIDA PARA OS ESTUDOS
Lukács: uma introdução, de José Paulo Netto
O universo complexo de um dos maiores pensadores marxistas, György Lukács, neste terceiro volume da coleção Pontos de Partida. O renomado intelectual brasileiro oferece uma preciosa bússola para iniciantes, explorando a diversidade da produção lukacsiana, da filosofia à transição socialista.
Na TV Boitempo você pode assistir à integra do curso “Introdução a Lukács”. Baseado no livro da coleção Pontos de Partida, este curso ministrado por José Paulo Netto é um convite e um caminho para desvendar a extensa e complexa obra do filósofo húngaro.
CONHEÇA A BIBLIOTECA LUKÁCS
Coordenada por José Paulo Netto e Ronaldo Vielmi Fortes, a Biblioteca Lukács surgiu em 2010 com o intuito de publicar sistematicamente a obra lukacsiana, em traduções rigorosas e com vasto material de apoio. Além de textos do marxista húngaro, o catálogo da Boitempo conta ainda com diversos títulos dedicados ao seu pensamento tanto apresentam o autor como permitem se aprofundar em seu universo categorial.
UM SER QUE RESPONDE
“É minha convicção — disse certa vez a propósito da Ontologia, e acredito que isso ainda esteja certo — que o homem é um ser que responde. O que a cultura humana criou até agora nunca surgiu das chamadas razões internas, espirituais ou seja lá o que for, mas do fato de que, desde o princípio, os homens tentaram responder a certas questões emergidas socialmente. E essa série de respostas chamamos cultura humana.”
— György Lukács em Essenciais são os livros não escritos
Para uma ontologia do ser social, volumes I e II, de György Lukács
Concebida no curso dos anos 1960 e permeada pelos debates políticos e acontecimentos da época, esta obra de síntese é a mais complexa sistematização filosófica de seu tempo. Considerada o ápice intelectual do filósofo húngaro, um dos maiores expoentes do pensamento humanista do século XX, a Ontologia (como se tornou conhecida) busca investigar a gênese do ser social e determinar as categorias que regem a vida cotidiana humana, bem como suas estruturas. Enquanto o primeiro volume concentra-se no debate com a tradição filosófica ocidental, o segundo se debruça sobre diversos âmbitos da atividade humana como o trabalho, a ideologia e os estranhamentos, desvelando o complexo de complexos que compõem a realidade social.
“Está claro que quanto mais intensamente o estranhamento se apoderar de toda a vida interior do trabalhador, tanto mais desimpedidamente poderá funcionar a dominação do grande capital. Portanto, quanto mais desenvolvido for o aparato ideológico do capitalismo, tanto maior será a sua disposição de fixar mais firmemente tais formas de estranhamento nos homens singulares, ao passo que, para o movimento revolucionário dos trabalhadores, para o despertamento, a promoção e a maior organização possível do fator subjetivo, desmascarar o estranhamento enquanto estranhamento, a luta consciente contra ele, constitui um momento importante (todavia: apesar disso, apenas um momento) da preparação para a revolução.”
— György Lukács em Para uma ontologia do ser social II
Prolegômenos para uma ontologia do ser social, de György Lukács
Nesta obra póstuma, além de introduzir e contextualizar a obra em dois volumes Para uma ontologia do ser social, os Prolegômenos acrescentam a ela novas reflexões e abordagens, complementando-a. Partindo da premissa marxiana de que a realidade deve ser não somente analisada e compreendida mas principalmente transformada, ao redigir este material Lukács tinha nos ombros o peso de uma série de desilusões e derrotas da esquerda no período posterior à Revolução de 1917. Buscava partir de Marx para reformular as perspectivas revolucionárias de então, apontando respostas aos impactos que o stalinismo causara no projeto comunista. Certamente aqueles que ainda se preocupam com uma atuação social transformadora não podem deixar de analisar esta importante contribuição para o pensamento revolucionário.
LUKÁCS POR ELE MESMO
Essenciais são os livros não escritos: últimas entrevistas (1966-1971), de György Lukács
Compilado de entrevistas que revela as reflexões e análises do filósofo húngaro sobre questões ontológicas, políticas e culturais. Pensador que, até seus últimos dias, discute o socialismo, as lutas dos anos 1960 e a necessidade de retornar ao pensamento marxiano, uma valiosa perspectiva para o presente.
“O pensador, o filósofo, o economista não têm a tarefa de resolver os problemas específicos no lugar dos políticos; eles devem, antes, tentar formular os grandes problemas teóricos da época. A formulação teórica dos problemas pode ajudar muito os políticos, mas não oferece a possibilidade de derivar diretamente soluções táticas.”
— György Lukács em Essenciais são os livros não escritos
A ARTE É O FIM E A POLÍTICA É O MEIO
“Se Marx vivesse hoje, estou persuadido de que escreveria sobre estética”
— György Lukács em Essenciais são os livros não escritos
Estética: a peculiaridade do estético – Volume 1, de György Lukács
O primeiro volume da Estética, monumental obra de György Lukács publicada em 1963, traz reflexões de Lukács sobre a experiência estética, o papel da arte, da ciência, da cultura e da política na sociedade: “Há características que singularizam o empreendimento lukacsiano realizado na Estética — e uma delas, de evidência inquestionável, consiste em que esse empreendimento constitui a formulação mais desenvolvida de uma estética sistemática produzida no interior da tradição marxista”, escreve José Paulo Netto na apresentação da obra. É leitura imprescindível não apenas para a compreensão do pensamento lukacsiano sobre o fenômeno artístico, mas compreender sua compreensão e aplicação do método marxiano.
“Temos, portanto, a situação paradoxal de que existe e ao mesmo tempo não existe uma estética marxista, que ela tem de ser conquistada e até criada por meio de pesquisas autônomas e que o resultado apenas expõe e fixa conceitualmente alguma coisa que existe conforme a ideia. Entretanto, o paradoxo se resolve por si só quando todo o problema é analisado à luz do método da dialética materialista, pois o sentido antiquíssimo da palavra ‘método’, indissoluvelmente ligado ao caminho que leva ao conhecimento, implica necessariamente a ideia de que, para chegar a determinados resultados, é preciso trilhar determinados caminhos. A direção desses caminhos está contida de modo inequivocamente evidente na totalidade da imagem de mundo projetada pelos clássicos do marxismo, em especial na medida em que os resultados obtidos são claros para nós como pontos finais de tais caminhos. […] Quem cultivar a ilusão de reproduzir a realidade em pensamento com o auxílio de uma mera interpretação de Marx e, desse modo, reproduzir simultaneamente a apreensão marxiana da realidade forçosamente falhará nas duas coisas. Somente uma análise imparcial da realidade e sua elaboração por meio do método descoberto por Marx pode lograr fidelidade à realidade e, ao mesmo tempo, ao marxismo.“
— György Lukács na Estética, volume I
Por que Lukács?, de Nicolas Tertulian
Este livro é o que se poderia chamar de uma autobiografia intelectual do pensador romeno Nicolas Tertulian, construída tendo como contraponto as obras de György Lukács e eventos que marcaram a vida de ambos. O autor nos apresenta a relação intelectual que estabeleceu com o filósofo, as motivações que o levaram a se dedicar ao conjunto da obra de Lukács, ao mesmo tempo que lista informações sobre os escritos de Lukács e sobre seus encontros e embates com figuras de destaque de seu tempo, como Thomas Mann, Georg Simmel, Sartre e Heidegger. Para quem deseja se aprofundar nos escritos lukacsianos, sobretudo seu pensamento estético, esta obra é um prato cheio.
“Com a publicação da Estética e de Ontologia do ser social, foi possível descobrir como os pontos de vista literários de Lukács […] estavam intimamente associados a um pensamento preciso sobre a história, a uma crítica rigorosamente elaborada das ideologias de seu tempo e, sobretudo, a uma interpretação ontológica da condição humana (mesmo que ele rejeitasse a utilização deste último conceito por receio de retirar a realidade do gênero humano de seu contexto histórico e social). Ele se apoiava em uma dialética da particularidade e da universalidade que promovia a pura imanência na autoafirmação das forças humanas.”
— Nicolas Tertulian em Por que Lukács?
Confira um trecho da obra no Blog da Boitempo: “As lições literárias de György Lukács“
UM CLÁSSICO DO SÉCULO XX
“Comecei minha verdadeira obra aos setenta anos. Parece que existem exceções nas leis materiais. Nesse domínio, sou adepto de Epicuro. Também eu envelheço. Durante muito tempo procurei minha verdadeira via. Fui idealista, depois hegeliano. Em História e consciência de classe, tentei ser marxista. Durante muitos anos, fui funcionário do Partido Comunista, em Moscou. […]. Até 1930, todos os meus escritos consistiram em experiências intelectuais. Depois foram esboços e preparativos. Ainda que ultrapassados, esses escritos serviram de estímulo a outros. Pode parecer estranho que eu tenha tido de esperar setenta anos para me dedicar à redação de minha obra. Uma vida não é o suficiente.“
— György Lukács em Essenciais são os livros não escritos

História e consciência de classe, cem anos depois, organizado por José Paulo Netto
A obra traz para o debate do século XXI o monumental História e consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista, de György Lukács, como forma de homenagear e celebrar os cem anos de sua publicação, ocorrida em 1923. Desde essa época, o livro foi alvo de polêmicas, duras críticas, mas também de aplausos e de reconhecimento.
A partir dos anos 1960, com o relançamento oficial, acrescentado de um prefácio escrito por Lukács, o interesse pelo livro se acentuou e uma série de estudiosos começou a debater seu conteúdo e sua importância na cena marxista. História e consciência de classe, cem anos depois, reúne vários pontos de vista sobre o livro, em treze textos, incluindo o prefácio de Lukács escrito para a edição de 1967.
Assinam os artigos Antonino Infranca, Eduardo Sartelli, Guido Oldrini, Henrique Wellen, Koenraad Geldof, Lucien Goldman, Marcos Nobre, Mauro Luis Iasi, Michael Löwy, Nicolas Tertulian, Ricardo Musse e Slavoj Žižek. Celso Frederico é o autor do prefácio. Os textos, alguns deles nunca traduzidos para o português, são reunidos aqui junto com outras informações de natureza histórica e bibliográfica nem sempre facilmente localizáveis. Olhares múltiplos sobre um autor cujas ideias, por vezes desconcertantes, permanecem extremamente vivas e atuais.
Aproveite para conferir as gravações do Colóquio 100 anos de História e consciência de classe, evento ocorrido entre 4 e 6 de outubro de 2023, em São Paulo.
CURSOS IMPERDÍVEIS PARA MARATONAR
Assista, na TV Boitempo, a íntegra dos debates e conferências realizados durante o Seminário Internacional “A atualidade de György Lukács”, realizado pela Boitempo, IREE e Programa de Pós-graduação em Sociologia (FFLCH/USP) com apoio do CENEDIC, em outubro de 2023.
Composto de 10 aulas, ministradas por alguns dos maiores estudiosos da obra lukacsiana no Brasil, o I Curso Livre Lukács foi realizado em 2015, celebrando os 20 anos da Boitempo, em parceria com a PUC-SP.
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