Em entrevista ao Instituto Norberto Bobbio, Bruna Della Torre analisa as origens e a atualidade do conceito de indústria cultural a partir da obra de Adorno e Horkheimer. [...]
Bruna Della Torre: "Cabe a nós defender a Bildung contra seus admiradores conservadores, mas também contra seus detratores neoliberais. Do contrário, ocorrerá com a teoria crítica o que escutei outro dia sobre alguns de seus representantes: se tornará uma teoria cítrica, que faz arder, mas não flameja." [...]
Bruna Della Torre: "É certo que o desejo de realismo da literatura feminista aponta para alguma coisa, quiçá uma busca por um campo social marcado pela ação ou projeto coletivo de classe pressuposto nessa forma ou uma procura por reconfigurar os universais ao trazer, para o centro da literatura, as periferias dela excluídas." [...]
Bruna Della Torre: "O romance anuncia um tipo. Uma boemia pseudo-progressista, branca, masculina e heterossexual que pode até não ter votado em Bolsonaro, mas que passa ao largo da história política do país." [...]
Bruna Della Torre: "A questão da 'pílula vermelha' expõe um paradoxo que me parece central no entendimento do bolsonarismo: como pode um movimento tão fora da realidade, embriagado em teorias da conspiração, achar que sua leitura paranoica e projetiva da realidade – para não dizer delirante – é, no final das contas, pós-ideológica?" [...]
Bruna Della Torre: "Proust, diz Adorno, é um mártir da felicidade. Ele a apreende na forma de imagens no momento em que ela se esvai. [...] Esse mergulho profundo na experiência individual está ligado, ao mesmo tempo, a um eu que não é mais capaz de agir no mundo." [...]
Bruna Della Torre: "Como marxistas e socialistas, temos o dever político e teórico de reconhecer o fascismo quando ele se apresenta como possibilidade real. Chamar o fascismo por outro nome não vai mudar a realidade que estamos enfrentando." [...]
Bruna Della Torre: "Vamos depositar as esperanças em Lula e lutar para que ele vença as eleições no primeiro turno. Mas devemos cobrar do próximo governo que crie as condições para que as armas se tornem uma mercadoria prescrita e indesejável e a 'escala F', um modelo ultrapassado e sem utilidade para pensar o país." [...]
Bruna Della Torre: "A propaganda antifeminista bolsonarista transforma a submissão, a objetificação, a responsabilização capitalista irrestrita pelo trabalho de reprodução, entre outros elementos, em liberdade e busca confinar novamente as mulheres aos seus antigos espaços e papéis (ainda que com uma arma cor-de-rosa no coldre)." [...]