Lênin e a teoria do Estado proletário

O Estado e revolução é um livro fundamental, não só por explicitar o que seria um Estado do proletariado no poder, como por ser um verdadeiro laboratório sobre a práxis revolucionária, por mostrar como uma teoria sobre o Estado e a atuação no processo revolucionário permitiram formular a teoria do Estado da classe operária.

Por Marly Vianna.

Com a publicação da obra O Estado e a revolução, de Lênin, no centenário da Revolução Russa, a Boitempo inaugura um ambicioso novo projeto editorial: o Arsenal Lênin! O explosivo clássico de Lênin, escrito nas vésperas da Revolução Bolchevique ganha tradução inédita, feita diretamente do russo e revisada por Paula Vaz de Almeida. Trata-se de uma edição cuidadosa, que integra diversas notas e comentários, além dos preciosos esboços preparatórios de Lênin que incluem planos para um último capítulo, jamais publicado, e outros anexos selecionados. O volume, que conta ainda com uma longa apresentação assinada pelo cientista político Marcos Del Roio, posfácio crítico de Angélica Borges, além de texto de orelha de Marly Vianna, reproduzido abaixo.

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O Estado e a revolução tem um papel de destaque entre as obras de Lênin porque – característica marcante de seu autor – aplica uma teoria, a marxista, a uma situação concreta, a das vésperas da Revolução Socialista de Outubro. Escrito em agosto de 1917, apresenta o que Lênin indica como tarefas do proletariado uma vez chegado ao poder.

Nas Teses de abril, Lênin havia deixado clara a necessidade de avançar rumo ao socialismo: nenhum apoio deveria se dado ao governo provisório, uma vez que, depois das experiência dos sovietes, amplamente respaldados pelo povo, não seria possível retroceder e apoiar uma república parlamentar burguesa. Decidido o rumo da revolução, Lênin passou a definir o que seria o Estado proletário instituído com a tomada do poder.

Convencido da necessidade de uma teoria sobre o Estado proletário, e em meio a toda a efervescência política do momento que prenunciava a tomada do poder, escreveu, em agosto-setembro de 1917, a maior parte de O Estado e a revolução, em que expõe a teoria do Estado proletário. Seria o primeiro Estado socialista na história e era preciso compreender e explicar o que deveria ser tal Estado. A tarefa da classe operária recém-chegada ao poder seria a de destruir o Estado capitalista e criar um Estado operário de transição ao socialismo: a ditadura do proletariado, isto é, o proletariado organizado como classe dominante. Lênin chegara a tal conclusão estudando as teorizações de Marx e Engels sobre o Estado e as ideias de Marx sobre a experiência da Comuna de Paris. A ditadura do proletariado seria também um Estado que, pela primeira vez, garantiria a democracia para o povo.

O Estado e revolução é um livro fundamental, não só por explicitar o que seria um Estado do proletariado no poder, como por ser um verdadeiro laboratório sobre a práxis revolucionária, por mostrar como uma teoria sobre o Estado e a atuação no processo revolucionário permitiram formular a teoria do Estado da classe operária.

Ao comemorar os cem anos da Revolução Socialista de Outubro, é importante lembrar seus legados para a humanidade, que foram imensos. Entre eles está a teoria do Estado proletário desenvolvida por Lênin, o que evidencia a atualidade dele e a necessidade, para todos aqueles que lutam pela transformação revolucionária da sociedade, de voltar a lê-lo.

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“É impossível superestimar o potencial explosivo de O Estado e a revolução – neste livro, o vocabulário e a gramática da tradição política ocidental foram abruptamente abandonados’” – Slavoj Žižek

O Estado e a revolução é um livro fundamental, não só por explicitar o que seria um Estado do proletariado no poder, como por ser um verdadeiro laboratório sobre a práxis revolucionária, por mostrar como uma teoria sobre o Estado e a atuação no processo revolucionário permitiram formular a teoria do Estado da classe operária.” – Marly Vianna

Conselho editorial | Arsenal Lênin
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1 comentário em Lênin e a teoria do Estado proletário

  1. Antonio Elias Sobrinho // 19/11/2017 às 4:49 pm // Responder

    Lênin foi um gênio, sem dúvida. Sua estatura marcou, em todos os campos que atuou, o século XX e, ainda hoje, tanto sua figura como seus escritos, tanto são coisas admiráveis para os marxistas, revolucionários e democratas de vários perfis, como é um espantalho que assombra seus adversários. Porém, apesar de tudo, não vejo em sua obra, nem nessa nem nas outras, uma teoria do Estado, menos ainda uma teoria de um Estado proletário, coisa que ele nem ninguém conheceu. Concordo que ele tenha sido muito criativo, aproveitando escritos de Marx e Engels, e produzindo esboços de um possível Estado proletário, numa conjuntura de grandes combates, coisa significativa.

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