As vicissitudes da Marx-Engels Gesamtausgabe (MEGA) da década de 1920 até hoje

Retrato de David Riazanov por Isaak Brodsky (1920), via Wikimedia Commons

Por Kevin B. Anderson

Até hoje há um número significativo de escritos de Marx, especialmente sobre os temas deste estudo [Marx nas margens: nacionalismo, etnias e sociedades não ocidentais], que nunca foram publicados em nenhum idioma. Por que isso ainda acontece mais de um século depois de sua morte?

O problema, na verdade, começou com Engels e continua até hoje. Embora tivesse trabalhado longa e arduamente para editar e publicar o que ele considerava ser a edição definitiva do Livro I de O capital em 1890 e os livros II e III daquele trabalho em 1885 e 1894, editando cuidadosamente e organizando os manuscritos de Marx, Engels não planejou nem propôs a publicação de todos os escritos de Marx. Sob a Segunda Internacional, pós-Engels, um pouco mais foi feito.

Riazanov e a primeira Marx-Engels Gesamtausgabe

Foi necessário que a Revolução Russa de 1917 acontecesse para resolver o impasse. Com forte encorajamento de Lênin e o apoio financeiro do novo Estado soviético, o renomado estudioso de Marx David Riazanov e seus colegas começaram a primeira Marx-Engels Gesamtausgabe (MEGA1) na União Soviética no início da década de 1920. Como a Segunda Internacional não comunista ainda possuía os manuscritos e as cartas de Marx e Engels, o diretor da recém-criada Escola de Frankfurt, Carl Gruenberg, que mantinha relações com comunistas e socialistas, tornou-se o intermediário. Funcionários da Escola de Frankfurt foram encarregados, segundo um acordo formal, de fotocopiar os documentos de Marx e Engels nos arquivos do Partido Social-Democrata Alemão em Berlim para o Instituto Marx-Engels de Riazanov em Moscou “com um registro completo de todas as peculiaridades e características especiais dos originais que não podem ser registradas por fotografia”.1 Riazanov estabeleceu um plano de longo alcance para a MEGA1, uma pequena parte do qual foi publicado entre 1928 e 1935. Ele dividiu a MEGA1 em três seções; cada uma delas deveria conter escritos na língua original em que Marx ou Engels os haviam redigido (geralmente alemão, inglês ou francês), bem como um rigoroso aparato acadêmico.

Seção I. Trabalhos filosóficos, econômicos, históricos e políticos

A MEGA1 publicou oito volumes desta seção, cobrindo os anos até 1850, incluindo os Manuscritos econômico-filosóficos e A ideologia alemã, nenhum dos quais publicados por Engels ou pela Segunda Internacional. Antes, em 1827, Riazanov havia publicado os Manuscritos de 1844 pela primeira vez, em uma tradução russa.

Seção II. O capital e manuscritos relacionados

Esta seção deveria abranger todas as edições do Livro I de O capital, como Marx as escreveu ou Engels as editou, desde a primeira edição alemã de 1867 até a quarta edição alemã definitiva de Engels de 1890. Ela também deveria incluir os livros II e III como editados por Engels, os manuscritos originais para esses volumes, além de outros textos como os Grundrisse e Teorias do mais-valor. Nada desta seção da MEGA1 foi publicado, embora os Grundrisse tenham aparecido como um volume separado em 1939-1941.

Seção III. Correspondência de Marx e Engels

Apenas quatro volumes foram publicados, cobrindo todas as cartas conhecidas de Marx e Engels entre 1844 e 1883, mas não cartas de terceiros ou para terceiros.

Apesar do seu compromisso em publicar toda a obra de Marx, Riazanov rejeitou a ideia de divulgar um material específico: os cadernos de citações – obras como os Cadernos etnológicos nos quais Marx havia copiado excertos, resumido e comentado textos que ele havia estudado ao longo da vida. Num relatório de 1923 sobre seus planos para a MEGA1 à Academia Socialista de Moscou, documento que também foi publicado na Alemanha no ano seguinte pelo diretor da Escola de Frankfurt, Gruenberg, Riazanov se referiu ao quarto “grupo final” dos escritos de Marx, “os cadernos”, que ele indicou serem de uso principalmente por biógrafos de Marx. Ele mencionou em particular “três cadernos de notas sobre a crise econômica de 1857 […], uma pesquisa cronológica da história do mundo até meados do século XVII”, bem como “alguns cadernos de matemática”. Ele abriu uma exceção para o último deles, cuja publicação estava prevista.

Em um surpreendente surto de condescendência em relação a Marx, Riazanov, editor geralmente rigoroso, acrescentou:

“Se em 1881-1882 ele perdeu sua capacidade de criação intelectual intensiva e independente, ele nunca perdeu a capacidade de pesquisa. Às vezes, ao reconsiderar esses cadernos de notas, surge a pergunta: por que ele perdeu tanto tempo com esse resumo sistemático e fundamental, ou dedicou tanto trabalho quanto o dedicado já em 1881, a um livro básico sobre geologia, resumindo-o capítulo por capítulo? No 63º ano de sua vida – isso é indesculpável pedantismo. Aqui está outro exemplo: ele recebeu, em 1878, uma cópia do trabalho de Morgan. Em 98 páginas de sua minúscula caligrafia (você deve saber que uma página dele é equivalente a no mínimo 2,2 páginas impressas), ele faz um resumo detalhado de Morgan. Era nisso que o velho Marx trabalhava.”2

Tal postura ajuda a explicar por que não havia planos de incluir os cadernos de Marx na MEGA1.

Um espírito independente, Riazanov afirmou publicamente que era marxista, mas não leninista. No final da década de 1920, o editor começou a sentir a mão pesada do regime stalinista. Em 1931, Stálin ordenou que ele fosse preso e deportado para um campo de trabalhos forçados, onde foi executado em 1938. A MEGA1 deixou de ser publicada em 1935, tendo também se tornado uma vítima do stalinismo.3 Por exemplo, a publicação dos Manuscritos matemáticos de Marx, já editada pelo jovem matemático alemão Julius Gumbel (que tinha sido recomendado por Albert Einstein) e até apresentada em provas em 1927, só apareceu em 1968. Seguindo o estilo stalinista, essa edição de 1968 não menciona Gumbel.4

As Obras reunidas de Marx e Engels

Riazanov também desenvolveu um plano para uma coleção mais limitada de obras reunidas de Marx e Engels, publicada em russo entre 1928 e 1946. Essa edição tornou-se a base para a coletânea alemã Marx-Engels Werke (MEW, 1956-1968), bem como outras edições em um único idioma, como Marx-Engels Collected Works (MECW, 1975-2004), em inglês. Tomando a última edição como nosso exemplo, ela é dividida em três partes:

I. Volumes 1-27: livros, artigos e manuscritos publicados e não publicados de Marx e Engels;

II. Volumes 28-37: os principais escritos econômicos de Marx, dos Grundrisse a O capital;

III. Volumes 38-50: cartas de Marx e Engels.

Como todas as edições stalinistas, MECW têm sérias omissões, além de outros problemas. Os prefácios e notas explicativas são frequentemente dogmáticos e às vezes enganosos. Divergências entre Marx e Engels são algumas vezes encobertas. Os ataques agudos da dupla às ambições territoriais do Império Russo e o forte apoio ao movimento antirrusso, tomando partido dos poloneses e tchetchenos, são às vezes ocultados ou mesmo atribuídos a erros de Marx e Engels. Mas o maior problema com MECW, MEW e edições semelhantes é que elas não são a MEGA. Por exemplo, apenas uma única versão do Livro I de O capital é incluída, o que deixa de fora todo o processo de revisões feitas por Marx em suas várias edições, bem como material importante da edição francesa suprimido por Engels. Também não são reproduzidos os rascunhos de Marx para os livros II e III de O capital; apenas os volumes editados por Engels estão no conjunto. Por fim, pouquíssimas cartas de Marx ou Engels estão incluídas, e quase nenhum dos cadernos de citações aparece nessas edições.

Œuvres de Marx, editadas por Rubel

Durante os longos anos anteriores a 1989, quando a União Soviética e a Alemanha Oriental exerciam um quase monopólio da publicação dos escritos de Marx, as edições independentes, as cronologias e as biografias de Marx organizadas pelo marxologista francês Maximilien Rubel se apresentavam como uma alternativa libertária, embora em pequena escala. Em 1952, Rubel foi coautor de um ataque ao Instituto Marx-Engels-Lênin de Moscou por seu “silêncio” sobre “o destino de Riazanov e seu empreendimento”, acrescentando que Stálin “não podia tolerar a publicação em sua integralidade de uma obra que estigmatizasse seu despotismo por meio da luta impiedosa de Marx e Engels contra os Estados policiais: os de Luís Napoleão, o da Prússia, o tsarismo”.5 Uma década depois, Rubel, que até então havia obtido financiamento de um instituto acadêmico francês, começou a publicar sua edição das Œuvres com a editora de maior prestígio da França, a Gallimard. De 1963 a 1994, quatro grandes volumes foram publicados, cada um com cerca de 1.500 páginas de Marx e 500 páginas de prefácios acadêmicos e notas de rodapé de Rubel. Ao contrário do que aconteceu nas edições stalinistas, as divergências entre Marx e Engels foram notadas, especialmente no que diz respeito a O capital.

A posição de Rubel foi muitas vezes marcada por um anti-hegelianismo virulento;6 além disso, ele também se opunha a publicar os cadernos de citações. Pouco antes de sua morte, em 1996, ele deu uma resposta surpreendentemente negativa a um entrevistador que perguntou se poderíamos esperar algum novo material importante de Marx nos próximos anos, como resultado da segunda MEGA, discutida a seguir: “Francamente, não acredito nisso. Riazanov queria publicar apenas quarenta volumes simplesmente porque achava inútil publicar todos os cadernos de citações (mais de duzentos!)”.7

A segunda Marx-Engels Gesamtausgabe: antes e depois de 1989

Em 1975, a MEGA2 foi iniciada a partir de Moscou e Berlim oriental. No puro estilo stalinista, os editores não fizeram referência ao trabalho pioneiro de Riazanov, seu ilustre e martirizado predecessor. Assim como em MECW e em outras edições semelhantes, os prefácios e notas tinham um caráter dogmático, embora a edição efetiva dos textos de Marx fosse bastante meticulosa.

Após o colapso da Alemanha Oriental e da União Soviética em 1989-1991, o financiamento da MEGA2 foi severamente prejudicado. Depois de um período de dificuldade, ela começou a receber novos recursos de fundações ocidentais, nos últimos anos principalmente por meio do International Institute of Social History, de Amsterdã, e da Berlin-Brandenburg Academy of Sciences [Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo]. Embora o nível atual de financiamento seja muito mais limitado do que antes de 1989 e a edição tenha sido ligeiramente reduzida, o controle editorial passou para um variado grupo de estudiosos de Marx, na maior parte acadêmicos ocidentais. Por exemplo, o conselho consultivo pós-1989 incluiu figuras internacionalmente conhecidas como Shlomo Avineri, Bertell Ollman, Immanuel Wallerstein8 e os falecidos Eric Hobsbawm, Iring Fetscher, Eugene Kamenka e Maximilien Rubel (que renunciou pouco antes de sua morte). O controle editorial geral está nas mãos da International Marx-Engels Foundation [Fundação Internacional Marx-Engels], uma afiliada do Instituto Internacional da História Social e da Academia de Ciências de Berlim–Brandemburgo, enquanto grupos de editores estão trabalhando na Alemanha, na Rússia, na França, no Japão, nos Estados Unidos e em outros países.

A MEGA2 inclui quatro seções8, a última das quais responsável pelos cadernos de citações.

Seção I. Obras, artigos e rascunhos

Dos 32 volumes agora planejados, 17 foram publicados. Especialmente notável nesta seção é o volume I/2, que inclui os Manuscritos de 1844 de Marx. Aqui, pela primeira vez, duas versões desses manuscritos são publicadas, a estabelecida pela MEGA1, que tem sido a base para as traduções inglesas até agora, e uma nova versão, mais áspera na forma, mas mais próxima do original. Curiosamente, nas primeiras dez páginas da nova versão Marx está escrevendo três ensaios de uma só vez, em colunas verticais separadas. A MEGA2 I/2 mostra que Marx redigiu o que é conhecido hoje como a “Crítica da dialética hegeliana” de 1844 em pelo menos duas partes, com a seção sobre Feuerbach separada do texto em que Marx exalta “a dialética da negatividade como o princípio de movimento e criação” da Fenomenologia do espírito de Hegel.9

Seção II. O capital e estudos preliminares

Dos 15 volumes agora planejados, 13 foram publicados, fazendo desta a seção mais completa da MEGA2. O que já foi publicado inclui todas as edições do Livro I de O capital que Marx e Engels prepararam para publicação. Importante aqui é a MEGA2 II/20, uma reimpressão da quarta edição alemã de Engels em 1890, mas com uma importante adição: um apêndice que reúne sessenta páginas de texto, algumas das quais muito significativas, da edição francesa de 1872-1875 de Marx do Livro I. Tal material não foi incluído por Engels no Livro I e ainda não apareceu nas principais edições-padrão em alemão ou inglês da obra.10 Outros volumes incluem rascunhos de Marx para o que se tornaram os livros II e III de O capital, que agora podem ser facilmente comparados às versões publicadas por Engels.11

Seção III. Correspondência

Dos 35 volumes planejados, 12, que cobrem a maior parte dos anos até 1865, foram publicados. A MEGA2 inclui todas as cartas sobreviventes de Marx e Engels, bem como aquelas escritas para eles.

Seção IV. Cadernos de citações

Dos 32 volumes planejados, 11 foram publicados. O que é mais notável aqui são os textos inéditos em qualquer idioma. Embora as “Notas sobre Estatismo e anarquia de Bakunin” e as “Notas sobre Adolph Wagner” tenham sido incluídas em MECW, e partes dos cadernos de citações de 1879-1882 sobre sociedades não ocidentais e pré-capitalistas e os Manuscritos matemáticos tenham sido publicados separadamente, uma vasta gama de novos materiais da seção IV aguarda publicação. Entre os volumes já publicados está o MEGA2 IV/3, aclamado em 1998 como o primeiro volume produzido sob as novas diretrizes editoriais, editado por Georgi Bagaturia, Lev Curbanov, Olga Koroleva e Ljudmilla Vasina, com Jürgen Rojahn. Ele contém os cadernos de 1844-1847 sobre economistas políticos como Jean-Baptiste Say, Jean-Charles-Leonard Sismondi, Charles Babbage, Andrew Ure e Nassau Senior. Nenhum desses textos havia sido publicado anteriormente em qualquer idioma.12 Os cadernos de citações de Marx destinados à publicação incluem, além de considerável material sobre economia política, o seguinte: 1) anotações de 1853 e 1880-1881 sobre a Indonésia, as últimas programadas para aparecer em breve na MEGA2 IV/27 e na coletânea de textos de Marx Commune, Empire and Class: Notebooks on Non-Western and Precapitalist Societies [Comuna, império e classe: cadernos de 1879-1882 sobre sociedades não ocidentais epré-capitalistas] (no prelo); 2) anotações de 1852 sobre a história das mulheres e relações de gênero; 3) muitas anotações das décadas de 1870 e 1880 sobre a agricultura na Rússia, além de algumas sobre o cultivo de pradarias nos Estados Unidos; 4) anotações sobre a Irlanda da década de 1860; 5) anotações sobre agricultura nos tempos romano e carolíngio; e 6) uma longa cronologia da história mundial redigida durante a década de 1880.

A publicação de uma edição completa dos escritos de Marx continua, assim, tendo sobrevivido ao stalinismo e ao nazismo. O trabalho em andamento na MEGA2 repousa sobre os ombros daqueles que, durante o turbulento século XX, trabalharam para coletar, preservar e editar os escritos originais de Marx, às vezes ao custo de suas vidas.

Marx nas margens: nacionalismo, etnias e sociedades não ocidentais, de Kevin B. Anderson
Reflexão instigante e precisa que revela um Marx sensível a questões de raça, gênero e colonialismo. Sua visão não eurocêntrica e sua dedicação a sociedades não capitalistas ressoam nos desafios contemporâneos.

Notas

  1. Citado em Rolf Wiggershaus, The Frankfurt School: Its History, Theories, and Political Significance [1986] (Cambridge, MIT Press, 1994), p. 32. ↩︎
  2. A maioria dessas citações do relatório de Riazanov está traduzida em Raia Dunaiévskaia, Rosa Luxemburg, Women’s Liberation, and Marx’s Philosophy of Revolution, cit., p. 177-8. Para o relatório completo em alemão, ver David Riazanov, “Neueste Mitteilungen über den literarischen Nachlass von Karl Marx und Friedrich Engels”, cit. ↩︎
  3. De sua parte, os social-democratas alemães tiveram de se esforçar para salvar os manuscritos originais de Marx e Engels das chamas do nazismo. O material foi enviado para a Holanda e depois para a Inglaterra por segurança. Hoje os manuscritos estão no Instituto de História Social de Amsterdã, que detém cerca de dois terços dos originais. A maior parte do restante dos originais dos escritos de Marx está em Moscou, no Arquivo Estatal Russo de História Sócio-Política (antigo Instituto Marx-Engels-Lênin). ↩︎
  4. Annette Vogt, “Emil Julius Gumbel (1891-1966): der erste Herausgeber der mathematischen Manuscripte von Karl Marx”, em MEGA-Studien 2, 1995. Para uma tradução em inglês, ver Karl Marx, Mathematical Manuscripts [1968] (Londres, New Park, 1983). ↩︎
  5. Maximilien Rubel e Alexandre Bracke-Desrousseaux, “L’Occident doit à Marx et à Engels une édition monumentale de leurs oeuvres”, La Revue socialiste, v. 59, jul. 1952, p. 113 (grifos do original). ↩︎
  6. Kevin B. Anderson, “Rubel’s Marxology: A Critique”, Capital & Class, v. 47, 1992; idem, “Maximilien Rubel, 1905-1996, Libertarian Marx Editor”, Capital & Class, v. 62, 1997. ↩︎
  7. Nicolas Weill, “Un penseur du XXe siècle et non du XIXe. Un entretien avec Maximilien Rubel”, Le Monde des Livres, set. 1995. ↩︎
  8. Para nossa tristeza, Immanuel Wallerstein faleceu enquanto cuidávamos da edição brasileira desta obra, em 31 de agosto de 2019, um mês antes de completar 89 anos. (N. E.) ↩︎
  9. MEGA2 I/2, p. 292. ↩︎
  10. Como sinalizamos em notas ao longo deste volume, esse material tampouco foi incluído na edição brasileira da Boitempo; entretanto, constam dessa edição, em notas de rodapé, diversas alterações da edição francesa. (N. E.) ↩︎
  11. Para algumas discussões sobre isso, ver Riccardo Bellofiore e Roberto Fineschi (orgs.), Re-reading Marx: New Perspectives after the Critical Edition (Basingstoke, Palgrave Macmillan, 2009). ↩︎
  12. Para uma discussão sobre este volume, ver Paresh Chattopadhyay, “On ‘Karl Marx—Exzerpte und Notizen: Sommer 1844 bis Anfang 1847, in Gesamtausgabe (MEGA), vierte Abteilung, Band 3”, Historical Materialism, v. 12, n. 4, 2004. ↩︎


Empenhada há três décadas em traduzir as obras de Marx e Engels, com rigor acadêmico e editorial, e sempre a partir dos manuscritos originais, a Boitempo conta hoje com mais de trinta volumes dos dois autores publicados, além de dezenas de livros dedicados ao estudo da teoria marxista. Em 2025, a Coleção Marx-Engels ganhará mais dois volumes: Do socialismo utópico ao socialismo científico, de Friedrich Engels, e o primeiro tomo das Teorias do mais-valor, obra inacabada de Karl Marx que foi por muitos considerada como o Livro IV de O capital.

Enquanto esses lançamentos históricos não chegam, conheça o catálogo de obras já publicadas pela coleção – algumas das nossas edições foram reconhecidas como as melhores do mundo por Gerald Hubmann, ex-diretor da MEGA (Marx-Engels-Gesamtausgabe, instituição detentora dos manuscritos dos autores).

O capital [livros I, II e III], de Karl Marx
Em 2011, a Boitempo deu início a uma de suas maiores empreitadas editoriais: a tradução completa de O capital, a principal obra de maturidade de Karl Marx. Em março de 2013, em meio ao projeto MARX: a criação destruidora, um conjunto de eventos que reuniu milhares de pessoas para debater a atualidade de seu pensamento, foi lançado o primeiro livro, O processo de produção do capital. A tradução de Rubens Enderle, vencedora do prêmio Jabuti 2014, foi a primeira realizada no Brasil a partir do texto preparado no âmbito da Marx-Engels Gesamtausgabe (MEGA2). Além dos prefácios elaborados por Marx e Engels para as diversas edições da obra e notas, a edição da Boitempo conta ainda com extenso aparato crítico.
Disponíveis também em versão capa dura.

Manuscritos econômico-filosóficos, de Karl Marx
Publicados apenas após sua morte, estes manuscritos foram escritos em 1844, quando Marx tinha apenas 26 anos. Neles, o filósofo alemão desenhou a crítica ética e política ao capitalismo, explorando a desvalorização humana em prol da mercadoria. Embora esboços, revelam a raiz da teoria do mais-valor.

Para a crítica da economia política, de Karl Marx
Publicada em 1859, esta é a primeira tentativa de Marx de publicar de maneira sistemática sua crítica da economia política. Trata-se do único volume que efetivamente veio à luz numa série prevista de seis livros. Oito anos depois, remodelado o projeto inicial, a concepção ganharia corpo na principal obra do autor, O capital, publicada em 1867. Para a crítica delineia os conceitos equivalentes ao que depois comporia a Seção I da obra-prima do filósofo alemão.

Grundrisse, de Karl Marx
Estes manuscritos, em tradução rigorosa feita diretamente dos originais em alemão, revelam a gênese da crítica do pai do socialismo científico à economia política. Escritos entre 1857 e 1858, são uma oportunidade ímpar para compreender, detalhadamente, o laboratório de estudos do renomado teórico.

Resumo de O capital, de Friedrich Engels
Mais de 150 anos após sua publicação, a obra-prima de Karl Marx continua suscitando debates acalorados. Friedrich Engels, o principal parceiro intelectual de Marx, buscou durante muitos anos de sua vida divulgá-la e publicá-la em outras línguas, além de ter sido o principal editor e organizador dos livros 2 e 3. Este livro traz um conjunto de resenhas feitas por Engels logo após o lançamento do primeiro volume de O capital, além de um manuscrito que o resume, uma espécie de guia para entender a obra, publicado pela primeira vez em português.

A ideologia alemã, de Karl Marx e Friedrich Engels
Edição integral e esmerada de um marco do pensamento filosófico, esta versão traduzida diretamente do original alemão e baseada na MEGA2 revela a crítica afiada dos autores à ideologia dominante e a importância da práxis na transformação do mundo e do ser humano. Um clássico, agora em português.

“A edição da Boitempo de A ideologia alemã é uma das melhores edições do mundo, se não for a melhor de todos os tempos.”
Gerald Hubmann, diretor da MEGA2

Manifesto comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels
No final de fevereiro de 1848, foi publicado em Londres um pequeno panfleto que acabaria por se tornar o documento político mais importante de todos os tempos. Passado mais de um século e meio, a atualidade e o vigor deste texto continuam reconhecidos por intelectuais das mais diversas correntes de pensamento.

O 18 de brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx
Nesta célebre análise sobre o processo que levou da Revolução de 1848 para o golpe de Estado de 1851 na França, o filósofo alemão desenvolve o estudo do papel da luta de classes como força motriz da história e aprofunda sua teoria do Estado, sobretudo demonstrando que todas as revoluções burguesas apenas aperfeiçoaram a máquina estatal para oprimir as classes. Embasado por essa observação, Marx propõe, pela primeira vez, a tese de que o proletariado não deve assumir o aparato existente, mas desmanchá-lo.

A origem da família, da propriedade privada e do Estado, de Friedrich Engels
Um clássico da teoria social, este escrito de 1884 apresenta uma análise crítica dos modos de organização da vida social. Levando em consideração as relações entre os sexos para além da biologia, Engels trata da opressão de gênero e do papel do casamento e da autoridade masculina na constituição da sociedade moderna.


Mais de cento e quarenta anos após a morte de Karl Marx e cento e vinte da morte de Friedrich Engels, qual a contribuição intelectual desses dois filósofos para o Brasil e para o mundo? Muito se fala hoje, da esquerda à direita, de Marx e Engels, mas o quanto estamos de fato lendo suas obras?

Concebida pela Boitempo, principal editora de Marx e Engels no Brasil, para atingir um público amplo, a antologia O essencial de Marx e Engels propõe um mergulho de fôlego e amplitude sem precedentes nos principais pontos do projeto teórico desses dois autores. A organização, as apresentações de cada volume e as notas explicativas são de Marcello Musto, professor italiano com contribuições decisivas no florescente campo de estudo marxiano contemporâneo. A obra conta também com prefácio de José Paulo Netto e textos de apoio de alguns dos maiores especialistas brasileiros: Marilena Chaui, Jorge Grespan, Leda Paulani, Virgínia Fontes, Lincoln Secco e Alfredo Saad Filho. A edição é de Pedro Davoglio.  

O essencial de Marx e Engels reúne os textos mais importantes dos pensadores e revela cartas, manuscritos e rascunhos inéditos ou pouco conhecidos. Os três volumes, separados em escritos filosóficos, econômicos e políticos, contam com 16 partes temáticas e 66 extratos diferentes, incluindo obras publicadas, documentos e alguns escritos inacabados que foram anteriormente negligenciados. A obra revela, entre outras coisas, como estão equivocadas as interpretações que retratam Marx e Engels como pensadores eurocêntricos e economicistas, interessados apenas no conflito entre trabalhadores e capital.

Os volumes seguem uma linha cronológica que vai do início da década de 1840 até a morte de Engels, em 1895. Temas como a filosofia pós-hegeliana, a concepção materialista da história, método de pesquisa, trabalho e alienação, crise econômica, socialismo e muitos outros trazem ao público as ideias mais conhecidas e uma faceta pouco explorada da dupla. Em uma época em que as teorias de Marx e Engels voltam a ser investigadas em escala global, esta obra permite uma nova e mais completa interpretação geral de sua produção intelectual.

Além dos três volumes citados, a caixa contém o livreto Para ler Marx e Engels, com material complementar às obras publicadas no Brasil, como aulas, debates, palestras, itinerários de estudo e indicações de leituras de apoio.

Os primeiros dois mil leitores que comprarem a caixa no site da editora ou a reservarem em livrarias de todo o país ganharão um cartaz A2 exclusivo com o texto integral do Manifesto Comunista. Lembramos também que assinantes do Armas da Críticaclube do livro da Boitempo, têm 30% de desconto na compra de O essencial de Marx e Engels, bem como de todos os livros em nosso site.

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