Contra o fatalismo histórico: os 180 anos das ‘Teses sobre Feuerbach’

Antirreligiosas e antiobjetivistas, as 'Teses sobre Feuerbach' de Marx completam 180 anos em 2025; merecem ser retomadas neste momento em que fatalismos históricos de diferentes matizes nos rondam, minimizando a capacidade de ação humana.

Xilogravura de (1959), via Wikimedia Commons

Por Maurício Vieira Martins

“Quanto mais vazia é a vida, tanto mais rico, mais concreto será o Deus”, escreveu em 1843 o filósofo ateu Ludwig Feuerbach, em seu livro A essência do cristianismo. E ele prossegue, sem concessões: “O empobrecimento do mundo real e o enriquecimento de Deus são um mesmo ato. Somente o homem pobre possui um Deus rico. Deus nasce de um sentimento de carência”1. Para os nossos padrões contemporâneos, é difícil imaginar o impacto dessa obra feuerbachiana no debate filosófico de meados do século XIX. Uma de suas afirmações mais candentes é a de que Deus é uma criação da consciência humana que, insatisfeita com sua condição atual, se aliena numa projeção imaginária. E, ousadia suprema, Feuerbach afirmava também que as supostas qualidades divinas (onipotência, onisciência, imortalidade) seriam na verdade ansiadas qualidades humanas, irrealizadas no mundo real e projetadas num ser imaginário. Embora a crítica à religião tenha uma longa história na Filosofia, ela foi apresentada de modo particularmente ácido por Feuerbach, que não mediu palavras ao referir-se à teologia como uma “mina inesgotável de falsidades, ilusões, contradições e sofismas”2.  

O jovem Marx acolheu com entusiasmo a crítica feuerbachiana à alienação religiosa: podemos localizar referências elogiosas ao autor de A essência do cristianismo em textos marxianos de 1843 e 1844. Mais do que isso, Marx avaliava que também para a crítica da filosofia de Hegel havia indicações seminais nos textos de Feuerbach. Assim é que em A sagrada família, escrito em colaboração com Engels, podemos ler que: “é ele [Feuerbach] o primeiro que consuma a crítica da religião, traçando, ao mesmo tempo, os grandes e magistrais rasgos basilares para a crítica da especulação hegeliana e, por isso, de toda a metafísica.” (Marx; Engels, 2011, p. 159).

Contudo, ao longo de seu desenvolvimento intelectual — que se processou de modo muito rápido também na década de 1840 —, Marx detectou alguns limites sérios no materialismo de Feuerbach. Eles foram sintetizados num breve texto de 1845, conhecido como as “Teses sobre Feuerbach”3. Trata-se de um rascunho manuscrito, onde Marx lançou onze teses, sintéticas, que discutem os limites de diferentes posições filosóficas da época, fornecendo indicações sobre seu próprio pensamento. De um modo geral, elas são mais conhecidas pela última tese, a de número 11, que afirma que “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo” (Marx, 2007, p. 535). Mas, na verdade, não apenas essa como todas as demais teses apresentam uma densidade filosófica muito instigante. Antirreligiosas e antiobjetivistas, elas completam 180 anos em 2025: merecem ser retomadas neste momento em que fatalismos históricos de diferentes matizes nos rondam, minimizando a capacidade de ação humana. Sem nem de longe ter a pretensão de esgotar a riqueza do texto, o intuito aqui é sobretudo despertar a curiosidade do público mais jovem, nem sempre familiarizado com a escrita marxiana, para sua leitura integral.

Talvez a mais desconcertante das “Teses sobre Feuerbach” seja precisamente a de número 1, pois ela nos mostra a insatisfação de Marx não apenas com o idealismo alemão — com quem nosso filósofo polemizou em mais de uma ocasião — mas também com o materialismo de sua época, inclusive o de Feuerbach. E do que reclama Marx? Dentre outros motivos, do fato desses materialismos não conseguir perceber a presença da atividade humana no mundo real:

O principal defeito de todo o materialismo existente até agora (o de Feuerbach incluído) é que o objeto [Gegenstand], a realidade, o sensível, só é apreendido sob a forma do objeto [Objekt] ou da contemplação, mas não como atividade humana sensível, como prática; não subjetivamente (Marx, 2007, p. 533).

Ao fim e ao cabo, o materialismo feuerbachiano oferece uma visão estática da realidade, desconhecendo as profundas transformações que nela transcorrem. Transformações que se devem tanto a processos naturais como também — e este é o aspecto que interessa a Marx destacar — pela atividade humana. É instrutivo o cotejo da primeira tese sobre Feuerbach com uma seção de A ideologia alemã, livro um pouco posterior de Marx e Engels, onde encontraremos desenvolvido com mais vagar o argumento sumarizado nas Teses:

Ele [Feuerbach] não vê como o mundo sensível que o rodeia não é uma coisa dada imediatamente por toda a eternidade e sempre igual a si mesma, mas o produto da indústria e do estado de coisas da sociedade, e isso precisamente no sentido de que é um produto histórico, o resultado da atividade de toda uma série de gerações (Marx; Engels, 2007, p. 30).

É esse o continente da história que Marx e Engels lutam por tornar visível; o mesmo em que, mais tarde, György Lukács detectou a espessura de uma ontologia social4. Assim, ao invés de um materialismo que supõe um mundo já dado — tacitamente expulsando qualquer presença subjetiva5 —, o que temos é uma realidade onde os sujeitos humanos transformam ininterruptamente a si mesmos e à natureza, através da práxis e do trabalho. Mesmo aqueles objetos que se apresentam de forma imediata aos nossos sentidos demandam um esforço de investigação que aponte para a sua gênese. Dentre os exemplos que A ideologia alemã fornece, é muito claro o que se refere a uma árvore, a cerejeira, que, não sendo nativa da Alemanha, demandou a atividade do comércio humano para só então se apresentar à certeza sensível que Feuerbach tanto prezava.

Já a tese de número 3 mostra quão equivocado é o entendimento da posição materialista quando ela é interpretada como um endosso unilateral da afirmação de que “as circunstâncias fazem os homens”, pois tal afirmação esvazia a capacidade de ação humana, que precisamente consegue transformar mesmo estruturas muito cristalizadas. Lembremos do interesse de Marx pelos processos que levaram à transformação de modos de produção estabilizados, como foi o caso do feudalismo e de suas instituições, que não escaparam do devir histórico que os alterou radicalmente. O materialismo contemplativo tem dificuldade em conceber a permanente dialética entre as circunstâncias encontradas e a atividade humana. Embora Marx não o mencione, esse determinismo encontrou um representante ilustre em Pierre-Simon Laplace, que supunha que, sendo conhecidas as condições iniciais do funcionamento de um sistema, seríamos capazes de prever os seus sucessivos desdobramentos, daí sua aposta numa inteligência na qual “nada seria incerto para ela, e tanto o futuro quanto o passado estariam presentes diante de seus olhos” (Laplace, 1995, p. 25).

Se mesmo a natureza que antecedeu o surgimento de nossa espécie não seguiu a suposição laplaciana, nas sociedades humanas essa vertente de imprevisibilidade (categoria que nunca deve ser confundida com a da irracionalidade) se torna ainda mais acentuada. Retornando agora a Marx, ele nos lembra que “A doutrina materialista sobre a modificação das circunstâncias e da educação esquece que as circunstâncias são modificadas pelos homens…” (Marx, 2007, p. 533).

Neste levantamento extremamente sumário de alguns aspectos relevantes das “Teses sobre Feuerbach”, vale também o destaque para a singularidade da tese de número 6. Nela, Marx escreve que “a essência humana não é uma abstração intrínseca ao indivíduo isolado. Em sua realidade, ela é o conjunto das relações sociais” (Marx, 2007, p. 534).

Notemos que tal entendimento da essência como um conjunto de relações sociais finda por implodir o entendimento tradicional do que seja essência. Pois a ousia a que se referiam os pensadores gregos — traduzida pelos latinos como essentia — designa um ser em sua dimensão mais fundamental, e que supostamente permanece a mesma ao longo das transformações temporais. Mas quem conhece a obra de Marx e Engels sabe que sua ênfase recai precisamente sobre as transformações sofridas pelos seres humanos e pela história. Ao invés de uma busca por essências atemporais, encontraremos nos fundadores do marxismo uma ênfase na historicidade das relações sociais.

Se quisermos um exemplo mais empírico sobre as modificações pelas quais um determinado indivíduo passa ao longo de sua existência, podemos recorrer ao relato rememorativo de Friedrich Engels, que em 1885 escreveu sobre Wilhelm Weitling, ativista prussiano do movimento operário. Talentoso camarada em sua juventude, ao longo do tempo Weitling se torna praticamente irreconhecível:

Mais tarde, Weitling veio para Bruxelas. Mas ele já não era mais o jovem e ingênuo alfaiate-jornaleiro que, espantado com seus próprios talentos, tentava esclarecer em sua mente como seria uma sociedade comunista. Ele era agora o grande homem, perseguido pelos invejosos por causa de sua superioridade, que farejava rivais, inimigos secretos e armadilhas em todos os lugares — o profeta, expulso de um país para o outro, que carregava uma receita pronta em seu bolso para a realização do céu na terra (Engels, 2010, p. 319-320).

No nosso século XXI, são inúmeros os exemplos de indivíduos que, afetados por condições internas e externas, metamorfoseiam-se quase que em seu oposto; e isso não ocorre apenas no âmbito da atividade política e intelectual, também na esfera das artes e da vida cotidiana mudanças drásticas são presenciáveis. Aqui, é impossível não levar em conta a pressão de uma sociedade altamente mercantilizada, que cobra seu alto preço sobre o devir das diferentes individualidades.

Se trouxermos esta reflexão para o nosso mundo contemporâneo, questões relevantes podem ser apresentadas àqueles setores dos movimentos de luta contra opressões que fazem uma aposta muito excludente numa identidade positivada, que definiria uma essência estável. É motivo de intenso debate no interior da esquerda avaliar até que ponto o fechamento numa certa identidade — como praticado pelas Identity politics, de gênero, de raça ou sexualidade — contribui para o avanço real de uma perspectiva anticapitalista. Em contrapartida, quando se consegue reunir uma perspectiva de classe social e de crítica às estruturas econômicas na luta contra uma determinada opressão, obtemos um avanço significativo tanto no debate teórico como na luta política. Que o digam Angela Davis e Lélia Gonzalez, que conseguiram articular com mestria, cada qual a seu modo, o combate ao racismo com o combate à estrutura capitalista.

Quanto à tese de número 8, ela nos diz que “Toda vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que conduzem a teoria ao misticismo encontram sua solução racional na prática humana e na compreensão dessa prática” (Marx, 2007, p. 534).

O alerta para a inescapável dimensão prática da vida social é também oportuno quando se trata de lidarmos com alguns dos desdobramentos mais recentes do campo intelectual. O crescimento contemporâneo de adesões religiosas — que atinge também setores de intelectuais — pode ser atestado de várias maneiras. Uma delas é lembrar que mesmo no interior do campo marxista tais adesões continuam em alta. Basta lembrar que o Deutscher Prize (considerado o mais importante prêmio na área de teoria marxista) foi concedido em 2014 ao teólogo Roland Boer, que em seus livros busca aproximar o marxismo da teologia (Boer, 2013). Se o crescimento das religiões populares é fenômeno que merece um estudo respeitoso por parte dos marxistas, ainda assim causa espécie o fato do júri do referido prêmio — que deveria zelar pela integridade e pelo gume afiado do legado marxiano — optar por premiar a obra de um autor que busca teologizar o marxismo. Procedimento que, aliás, desconsidera as explícitas manifestações de Marx quanto à alienação fundamental em curso na procura religiosa (ocorra ela entre os teólogos ou entre os setores populares). Levando em conta a mencionada oitava tese sobre Feuerbach, é legítimo afirmar que são as dificuldades contemporâneas enfrentadas pela prática humana emancipatória — num capitalismo cada vez mais brutal — que levam o marxismo ao caminho fácil do misticismo, recusado com vigor pelo próprio Marx.

Finalmente, temos a merecidamente célebre Tese 11: “Os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo”. Embora bastante transparente, autoexplicativa mesmo, ela ainda assim merece um breve comentário, pois no nosso século XXI, não são apenas os filósofos que investem majoritariamente seu tempo na interpretação do mundo de variadas maneiras. A invasão maciça da informática no cotidiano provocou mudanças gigantescas nas novas formas de subjetividade, de estar no mundo e de agir sobre ele. A fascinação exercida pelas redes sociais e pelos celulares é tamanha que a retirada de um gadget das mãos de seus usuários pode neles provocar crises de abstinência (documentadas nas clínicas especializadas nessa nova dependência). Além do investimento de tempo, há também o dispêndio de uma preciosa energia de vida dos usuários: são conhecidas as infindáveis polêmicas que ocorrem no ambiente virtual entre seus frequentadores, com resultados práticos próximos de zero. Por tudo isso, conseguir ultrapassar a captura sedutora das telas de internet e dos celulares rumo a um engajamento presencial nos eventos dos espaços públicos é também uma forma de honrar o legado comunista que Marx nos deixou.

Referências

BOER, Roland. In the Vale of Tears: on Marxism and Theology V. Leiden: Brill, 2013.

ENGELS, Friedrich. On the History of the Communist League. In: Marx & Engels Collected Works, vol. 26. London: Lawrence & Wishart, 2010.

FEUERBACH, Ludwig. The Essence of Christianity. New York: Prometheus Books. 1989.

LAPLACE, Pierre-Simon de. Ensayo filosòfico sobre las posibilidades. Barcelona: Ediciones Altaya, 1995.

LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social, vol I. São Paulo: Boitempo, 2012.

MARTINS, Maurício Vieira. Marx, Spinoza and Darwin: materialism, subjectivity and critique of religion. Palgrave MacMillan, 2022.

MARX, K. Ad Feuerbach. In: MARX K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A sagrada família. São Paulo: Boitempo, 2011.


Notas

  1. Cf. Feuerbach, 1989, p. 73. ↩︎
  2. Idem, p. 214. ↩︎
  3. Embora sejam amplamente conhecidas como “Teses sobre Feuerbach”, Marx na verdade intitulou o referido manuscrito apenas como “Ad Feuerbach“. ↩︎
  4. Cf. Lukács, 2012, pp. 281-302. ↩︎
  5. Comentei com mais vagar o acolhimento da dimensão subjetiva humana no pensamento de Marx no capítulo 5 de meu livro Marx, Spinoza and Darwin: materialism, subjectivity and critique of religion (2022). ↩︎

***
Maurício Vieira Martins é doutor em Filosofia e professor da Universidade Federal Fluminense. Membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o Marxismo (NIEP-Marx/UFF).


A ideologia alemã, de Karl Marx e Friedrich Engels
Edição integral e esmerada de um marco do pensamento filosófico, esta versão traduzida diretamente do original alemão e baseada na MEGA2 revela a crítica afiada dos autores à ideologia dominante e a importância da práxis na transformação do mundo e do ser humano. Um clássico, agora em português.

“A edição da Boitempo de A ideologia alemã é uma das melhores edições do mundo, se não for a melhor de todos os tempos.”
Gerald Hubmann, diretor da MEGA2


Empenhada há três décadas em traduzir as obras de Marx e Engels, com rigor acadêmico e editorial, e sempre a partir dos manuscritos originais, a Boitempo conta hoje com mais de trinta volumes dos dois autores publicados, além de dezenas de livros dedicados ao estudo da teoria marxista. Em 2025, a Coleção Marx-Engels ganhará mais dois volumes: Do socialismo utópico ao socialismo científico, de Friedrich Engels, e o primeiro tomo das Teorias do mais-valor, obra inacabada de Karl Marx que foi por muitos considerada como o Livro IV de O capital.

Enquanto esses lançamentos históricos não chegam, conheça o catálogo de obras já publicadas pela coleção – algumas das nossas edições foram reconhecidas como as melhores do mundo por Gerald Hubmann, ex-diretor da MEGA (Marx-Engels-Gesamtausgabe, instituição detentora dos manuscritos dos autores).

O capital [livros I, II e III], de Karl Marx
Em 2011, a Boitempo deu início a uma de suas maiores empreitadas editoriais: a tradução completa de O capital, a principal obra de maturidade de Karl Marx. Em março de 2013, em meio ao projeto MARX: a criação destruidora, um conjunto de eventos que reuniu milhares de pessoas para debater a atualidade de seu pensamento, foi lançado o primeiro livro, O processo de produção do capital. A tradução de Rubens Enderle, vencedora do prêmio Jabuti 2014, foi a primeira realizada no Brasil a partir do texto preparado no âmbito da Marx-Engels Gesamtausgabe (MEGA2). Além dos prefácios elaborados por Marx e Engels para as diversas edições da obra e notas, a edição da Boitempo conta ainda com extenso aparato crítico.
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Manuscritos econômico-filosóficos, de Karl Marx
Publicados apenas após sua morte, estes manuscritos foram escritos em 1844, quando Marx tinha apenas 26 anos. Neles, o filósofo alemão desenhou a crítica ética e política ao capitalismo, explorando a desvalorização humana em prol da mercadoria. Embora esboços, revelam a raiz da teoria do mais-valor.

Para a crítica da economia política, de Karl Marx
Publicada em 1859, esta é a primeira tentativa de Marx de publicar de maneira sistemática sua crítica da economia política. Trata-se do único volume que efetivamente veio à luz numa série prevista de seis livros. Oito anos depois, remodelado o projeto inicial, a concepção ganharia corpo na principal obra do autor, O capital, publicada em 1867. Para a crítica delineia os conceitos equivalentes ao que depois comporia a Seção I da obra-prima do filósofo alemão.

Grundrisse, de Karl Marx
Estes manuscritos, em tradução rigorosa feita diretamente dos originais em alemão, revelam a gênese da crítica do pai do socialismo científico à economia política. Escritos entre 1857 e 1858, são uma oportunidade ímpar para compreender, detalhadamente, o laboratório de estudos do renomado teórico.

Resumo de O capital, de Friedrich Engels
Mais de 150 anos após sua publicação, a obra-prima de Karl Marx continua suscitando debates acalorados. Friedrich Engels, o principal parceiro intelectual de Marx, buscou durante muitos anos de sua vida divulgá-la e publicá-la em outras línguas, além de ter sido o principal editor e organizador dos livros 2 e 3. Este livro traz um conjunto de resenhas feitas por Engels logo após o lançamento do primeiro volume de O capital, além de um manuscrito que o resume, uma espécie de guia para entender a obra, publicado pela primeira vez em português.


Manifesto comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels
No final de fevereiro de 1848, foi publicado em Londres um pequeno panfleto que acabaria por se tornar o documento político mais importante de todos os tempos. Passado mais de um século e meio, a atualidade e o vigor deste texto continuam reconhecidos por intelectuais das mais diversas correntes de pensamento.

O 18 de brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx
Nesta célebre análise sobre o processo que levou da Revolução de 1848 para o golpe de Estado de 1851 na França, o filósofo alemão desenvolve o estudo do papel da luta de classes como força motriz da história e aprofunda sua teoria do Estado, sobretudo demonstrando que todas as revoluções burguesas apenas aperfeiçoaram a máquina estatal para oprimir as classes. Embasado por essa observação, Marx propõe, pela primeira vez, a tese de que o proletariado não deve assumir o aparato existente, mas desmanchá-lo.

A sagrada família, de Karl Marx e Friedrich Engels
Edição esmerada de um trabalho seminal dos dois pensadores, introduzindo conceitos revolucionários como “consciência de classe” e “ideologia” e fazendo uma crítica mordaz aos intelectuais de sua época. Uma oportunidade para a compreensão das origens do pensamento materialista da história.


A origem da família, da propriedade privada e do Estado, de Friedrich Engels
Um clássico da teoria social, este escrito de 1884 apresenta uma análise crítica dos modos de organização da vida social. Levando em consideração as relações entre os sexos para além da biologia, Engels trata da opressão de gênero e do papel do casamento e da autoridade masculina na constituição da sociedade moderna.


Mais de cento e quarenta anos após a morte de Karl Marx e cento e vinte da morte de Friedrich Engels, qual a contribuição intelectual desses dois filósofos para o Brasil e para o mundo? Muito se fala hoje, da esquerda à direita, de Marx e Engels, mas o quanto estamos de fato lendo suas obras?

Concebida pela Boitempo, principal editora de Marx e Engels no Brasil, para atingir um público amplo, a antologia O essencial de Marx e Engels propõe um mergulho de fôlego e amplitude sem precedentes nos principais pontos do projeto teórico desses dois autores. A organização, as apresentações de cada volume e as notas explicativas são de Marcello Musto, professor italiano com contribuições decisivas no florescente campo de estudo marxiano contemporâneo. A obra conta também com prefácio de José Paulo Netto e textos de apoio de alguns dos maiores especialistas brasileiros: Marilena Chaui, Jorge Grespan, Leda Paulani, Virgínia Fontes, Lincoln Secco e Alfredo Saad Filho. A edição é de Pedro Davoglio.  

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Os volumes seguem uma linha cronológica que vai do início da década de 1840 até a morte de Engels, em 1895. Temas como a filosofia pós-hegeliana, a concepção materialista da história, método de pesquisa, trabalho e alienação, crise econômica, socialismo e muitos outros trazem ao público as ideias mais conhecidas e uma faceta pouco explorada da dupla. Em uma época em que as teorias de Marx e Engels voltam a ser investigadas em escala global, esta obra permite uma nova e mais completa interpretação geral de sua produção intelectual.

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2 comentários em Contra o fatalismo histórico: os 180 anos das ‘Teses sobre Feuerbach’

  1. Avatar de Desconhecido Tiago Machado // 22/04/2025 às 8:21 am // Responder

    Estamos completamente mergulhados no feitiço da mercadoria, e a partir dele vem toda a alienação, tenho minhas dúvidas se um leve aceno ao misticismo e a religiosidade é ou não é realmente efetivo.

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  2. Avatar de Desconhecido Tiago Machado // 22/04/2025 às 8:24 am // Responder

    Estamos completamente mergulhados no feitiço da mercadoria e dele deriva toda a alienação. Tenho minhas dúvidas se um aceno ao misticismo e a religiosidade é ou não é efetivo.

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